Título: UM ALIADO DO PT EM MAUS LENÇÓIS
Autor: Jailton de Carvalho
Fonte: O Globo, 28/03/2006, O País, p. 5

CPI dos Bingos quer indiciar Mattoso por prevaricação e improbidade

BRASÍLIA. Além do envolvimento na violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, Jorge Mattoso deverá ter outro problema com a Justiça ao sair da presidência da Caixa Econômica Federal (CEF). Mattoso, ligado ao PT, foi incluído no rol de 34 suspeitos que tiveram o indiciamento pedido pela CPI dos Bingos por envolvimento no chamado caso Gtech. Seu nome consta do relatório parcial da comissão, que se dedicou exclusivamente ao episódio, e será incluído no documento final.

O relator da CPI dos Bingos, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), pediu o indiciamento de Mattoso pelos crimes de prevaricação, descumprimento da lei de licitações e improbidade administrativa. A comissão sustenta que a renovação do contrato milionário entre a Caixa e a multinacional GTech para o processamento de dados das loterias federais causou prejuízo de R$120,4 milhões aos cofres públicos entre abril de 2003 e julho de 2004. O cálculo é do Tribunal de Contas da União (TCU).

Ex-presidentes da CEF entre os indiciados

Dois presidentes da Caixa no governo Fernando Henrique também estão na lista de indiciados, acusados dos mesmos crimes supostamente cometidos por Mattoso: Sérgio Cutolo e Emílio Carazzai. Quatro diretores do banco também estão na lista de Garibaldi.

¿O maior prejuízo à CEF que estava no bojo dessa concorrência era a ação deliberada para a criação de uma situação de dependência tecnológica da CEF em relação à empresa contratada¿, concluiu o relator. Entre 1997 e 2005, diz o relatório, a Gtech enviou US$232,2 milhões para o exterior referentes apenas à parte do lucro líquido da empresa.

Jorge Mattoso, de 57 anos, é economista e ocupa a presidência da Caixa desde o início do governo Lula. Na prefeitura de São Paulo, na gestão de Marta Suplicy, ocupou o cargo de secretário municipal de Relações Internacionais, de janeiro de 2001 a dezembro de 2002. É gaúcho de Porto Alegre. Tem carreira acadêmica de prestígio. Em 1978, fez doutorado na universidade de Sorbonne, em Paris. Em seguida, pós-doutorado no Instituto de Economia da Unicamp. É professor da Unicamp desde 1985. Recentemente, estava licenciado.