Título: CAIXA ABRIGA AFILHADOS DE PT E ALIADOS
Autor: Alan Gripp e Jucimara de Pauda
Fonte: O Globo, 28/03/2006, O País, p. 11

Mattoso criou duas vice-presidências para acomodar apadrinhados do PMDB

BRASÍLIA. Utilizada por diversos governos para abrigar afilhados políticos, a Caixa Econômica Federal teve esse papel reforçado no governo Lula. Dos 11 cargos de vice-presidente, sete são ocupados por militantes do PT ou indicados de aliados. Na gestão de Jorge Mattoso foram criadas duas vice-presidências para acolher apadrinhados do PMDB, depois da crise desencadeada com as denúncias de tráfico de influência na renovação do contrato da Caixa com a Gtech na área de loterias. O estatuto da Caixa não exige que esses cargos sejam ocupados por funcionários de carreira, apenas as superintendências.

Indicado para o cargo pela ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy, Mattoso montou a diretoria com assessores e indicados da ex-prefeita e um sindicalista. E acomodou apadrinhados de aliados, como o vice-presidente de Logística e Gestão de Pessoas, Carlos Alberto Cotta, indicado pelo então presidente do PTB, Roberto Jefferson. Depois que Jefferson rompeu com o governo, Cotta saiu do PTB e foi apadrinhado pelo ministro do Turismo, Mares Guia (PTB-MG).

Para dar espaço a Clarice Copetti, ligada ao PT do Rio Grande do Sul, Mattoso desmembrou a vice-presidência de Logística, que abrangia a de Tecnologia, e deu a ela o cargo de vice-presidente. Ela também trabalhou com Marta Suplicy e é casada com César Alvarez, assessor especial de Lula. Outra vice-presidência criada foi a de Crédito, ocupada por Francisco Pelúcio Martins, indicado pelo PMDB.

Atual diretor comandava greves no governo de FH

João Carlos Garcia, diretor de Segmentos e Distribuição, e Jorge Fontes Hereda, diretor de Desenvolvimento Urbano, também são ex-colaboradores da prefeita. Carlos Augusto Borges é um sindicalista ligado ao PT, que no governo de Fernando Henrique presidia a Federação Nacional dos Economiários e liderava as greves da Caixa. Ele é diretor de Transferência de Benefícios e foi citado no escândalo da Gtech.

O cargo de vice-presidente de Negócios e Serviços Bancários, ocupado por Fábio Lenza, também foi criado para acomodar apadrinhados do PMDB. O assessor especial de Mattoso, Ricardo Ricardo Schuman, era da presidência da Cohab, na gestão de Marta. Ele deixou a mulher em seu lugar.