Título: CUT E FORÇA SINDICAL PEDEM MUDANÇAS
Autor: Flávio Freire, Aguinaldo Novo e Ronaldo D'Ercole
Fonte: O Globo, 28/03/2006, O País, p. 13

CNI lamenta saída de Palocci e defende diretrizes econômicas

SÃO PAULO. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) afirmou, em nota, que condena qualquer forma de quebra de sigilo, mas considera ¿inaceitável que uma irregularidade como essa e a conseqüente saída do ministro continuem sendo usadas como combustível de uma insidiosa, oportunista e hipócrita campanha da oposição para desestabilizar o governo Lula¿:

¿Esperamos que o substituto atenda às reivindicações históricas de trabalhadores e trabalhadoras, com a redução das taxas de juros e do superávit primário, implantação de metas de geração de emprego e crescimento e a priorização dos investimentos em políticas sociais¿.

A Força Sindical também pediu mudanças na economia. ¿O governo deve aproveitar a saída do ministro e mudar de forma sistemática o rumo da economia brasileira. Que o governo reflita sobre os últimos dados do PIB e baixe a atual taxa juros¿, diz a nota, assinada por Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.

O diretor-executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Júlio Sergio de Almeida, disse esperar que a saída de Palocci represente ¿uma mudança na tonalidade¿ da política econômica. Para a entidade, o governo deveria reduzir as taxas de juros e impedir maior valorização do real frente ao dólar, e impedindo prejuízos para as exportações.

Segundo Almeida, Palocci teve ¿contribuição decisiva¿ na transição de governos, em 2003. Mas, para ele, o ex-ministro ¿exagerou na dose¿ dos juros e deixou que a valorização do câmbio fosse além do razoável.

O diretor do Iedi disse que, a princípio, não há risco de a saída de Palocci provocar nervosismo no mercado financeiro. Ele defende o uso das reservas internacionais, caso haja especulação com o dólar:

¿ Com US$60 bilhões em reservas, o Banco Central pode destruir qualquer tentativa de especulação em 15 minutos.

OAB diz não acreditar em mudanças na economia

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considerou lamentável a saída do ministro. ¿Há um balanço positivo da sua gestão e um reconhecimento nacional sobre seu período à frente do Ministério.

¿O importante é que o presidente afirme seu compromisso com certas diretrizes da política econômica e que o país e o mercado possam receber com serenidade essa substituição¿, diz a nota assinada pelo presidente da CNI, Armando Monteiro Neto.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Roberto Busato, disse não acreditar que a saída de Palocci implicará mudanças de rumo na economia:

¿ Tecnicamente a economia não se alterou quando mudou o governo (de Fernando Henrique para Lula) e não será agora que vai mudar.