Título: Empresários esperam redução da taxa de juros
Autor: Flávio Freire, Aguinaldo Novo e Ronaldo D'Ercole
Fonte: O Globo, 28/03/2006, O País, p. 13

Saída de Palocci leva entidades empresariais e sindicais a reforçar cobranças sobre mudanças na economia

SÃO PAULO. As principais entidades empresariais e sindicais do país pediram ontem que a saída de Antonio Palocci do Ministério da Fazenda resulte numa imediata alteração nos rumos da economia. A principal expectativa de empresários e sindicalistas é em relação à queda da taxa básica de juros, a Selic, hoje em 16,5% ao mês.

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) informou em nota que as negociações vão continuar. ¿Seja quem for o ministro, será mantido o diálogo existente e prevalecerão, sempre, os interesses do Brasil. O ministro Guido Mantega, desde a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), tem excelente relacionamento com a Fiesp¿.

Para o presidente da entidade, Paulo Skaf, seja qual for o quadro futuro, o Brasil está maduro para as modificações no governo e para continuar em busca do desenvolvimento:

¿ A economia, como já vem acontecendo, não deverá ser abalada. Devemos estar acima de nomes, preocupados em buscar as soluções mais adequadas para os problemas do país ¿ disse Skaf.

A Federação Nacional do Comércio (Fecomércio) seguiu a mesma linha: ¿Esperamos do novo ministro que sua gestão preserve todos os indicadores macroeconômicos positivos que foram obtidos pela atual política econômica. Nossa maior expectativa, entretanto, é que os juros continuem a cair e que esta queda se faça de uma forma mais acentuada¿, disse em nota.

Para Fecomércio, Mantega também se frustra com juros

Quanto à política monetária, a Fecomércio reafirma seu entendimento de que as condições para a redução dos juros estão dadas desde o fim do ano passado, não se justificando o conservadorismo do Banco Central em manter a taxa Selic tão alta. ¿O que precisamos é superar os índices medíocres de crescimento, o que certamente estará no horizonte do ministro Mantega, pois como presidente do BNDES demonstrou partilhar da frustração da sociedade brasileira diante dos juros altos¿, conclui Abraan Szajman, que preside a entidade.

O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Márcio Cypriano, disse que espera do próximo ministro o compromisso de manter a política econômica sobre o seguinte tripé: ¿responsabilidade fiscal, liberdade cambial e política de metas de inflação¿.

¿Foi uma gestão competente e por isso o sentimento é de perda¿, afirmou Cypriano, em nota. ¿Palocci foi fundamental para conduzir a economia com segurança para o estágio atual, com credibilidade externa e situação fiscal sob controle¿.

Os avanços alcançados, segundo ele, preparam o país para uma nova etapa da economia, direcionada a patrocinar o crescimento sustentado.