Título: Para ex-ministros, texto é injusto, uma ficção
Autor: Luiza Damé
Fonte: O Globo, 30/03/2006, O País, p. 12

Dirceu e Gushiken, que tiveram indiciamento pedido pelo relator por corrupção ativa, reagem às acusações

BRASÍLIA. Os dois ex-ministros do governo Lula citados no relatório final da CPI dos Correios, que pede o indiciamento de ambos por corrupção ativa, reagiram ao texto do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) com argumentos semelhantes, alegando que não foram apresentadas provas de que eles tenham cometido algum crime. O ex-ministro e agora chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência, Luiz Gushiken, disse que o relator acusa inocentes para não desapontar a opinião pública.

O advogado do deputado cassado José Dirceu, José Luiz Oliveira Lima, disse que, na parte referente ao ex-ministro da Casa Civil, o relatório da CPI dos Correios é uma peça de ficção. Já Gushiken disse que, além de faltarem provas de que cometeu os atos a ele atribuídos, o relatório leva em conta apenas suspeições.

¿Serve a um único objetivo: perseguir em vez de investigar¿, diz a nota de Gushiken, acrescentando que, na parte referente a ele, ¿o relatório é inaceitável, injusto, despropositado e sem fundamentação jurídica¿.

Relator cedeu ¿à lógica do espetáculo¿, diz Gushiken

Gushiken lamentou que ¿o relator tenha capitulado à lógica do espetáculo, sem olhar para os fatos, o que compromete todo o esforço da CPI de aperfeiçoamento das estruturas políticas e da vida pública¿. Para ele, ¿o receio de desapontar a opinião pública não pode também justificar o ato de responsabilizar pessoas inocentes¿.

O advogado de Dirceu ressaltou que apenas acompanhou pela internet as informações do relatório. Ele afirmou que fará uma manifestação sobre o relatório e analisará eventuais medidas judiciais depois de ler o documento.

¿ No tocante ao deputado e ex-ministro José Dirceu, as acusações feitas pelo deputado Osmar Serraglio são fruto da criatividade intelectual do eminente deputado. No tocante ao deputado José Dirceu, é uma peça de ficção ¿ disse o advogado.

Gushiken lembrou que prestou depoimento na CPI dos Correios, no dia 14 de setembro de 2005, e durante 12 horas seguidas respondeu às questões levantadas pelos parlamentares. ¿Compareci ao plenário da CPI dos Correios com espírito aberto e imbuído da energia de esclarecer e rebater pontos polêmicos, ou acusatórios, sobre atos ou comportamentos no exercício do cargo de ministro¿, disse Gushiken na nota.

Segundo Gushiken, sempre que surgiram acusações sobre seus atos, ele enviou ao relator a documentação necessária e esclarecimentos integrais. ¿Apesar da acirrada luta política, espero que prevaleça o equilíbrio e também a isenção entre os membros da CPI dos Correios¿, disse.