Título: 'PALOCCI DEU UMA BOA CONTRIBUIÇÃO À ESTABILIDADE'
Autor:
Fonte: O Globo, 29/03/2006, O País, p. 13

Serra elogia ministro que sai; já Alckmin joga mais duro

SÃO PAULO. O prefeito José Serra (PSDB) afirmou ontem que o governo petista "surpreendeu na economia" e que a saída de Antonio Palocci do Ministério da Fazenda é um prejuízo para o PT e para o governo. Em vistoria a um hospital em construção na periferia da Zona Sul, Serra elogiou Palocci e evitou comentar a indicação do novo ministro, o economista Guido Mantega, que tem um perfil mais à esquerda que o ex-ministro.

- A saída de Palocci é um prejuízo para o governo independentemente dos últimos fatos. É inegável e deve ser reconhecido que o Palocci deu uma boa contribuição para a estabilidade econômica. Se o PT surpreendeu na economia não tenho dúvida de que isso se deve ao Palocci - disse o prefeito.

Serra, que nos últimos tempos faz ataques pesados ao governo Lula, foi mais ameno sobre Palocci, mesmo nos pontos discordantes da economia.

- Não que a política econômica seja a mais certa. Houve muitos equívocos pelo menos no tocante à área de juros e de câmbio. Mas não há dúvida de que na parte fiscal seguiu-se uma política de responsabilidade, que foi inicialmente implantada no país pelo PSDB. Palocci merece o reconhecimento de que foi um ministro da Fazenda responsável.

Serra se esquivou de falar do novo ministro, Guido Mantega:

- Se não, viro cronista econômico - disse o prefeito.

Alckmin evita fazer previsões sobre economia

Ao mesmo tempo em que considerou oportuna a demissão de Palocci, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse que não há como fazer previsões sobre os rumos da economia agora sob o comando de Guido Mantega. Ao falar da crise, Alckmin disse que o Palácio do Planalto levou um revés ao tentar usar a quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa para desqualificar e atingir a oposição.

- É óbvio que esse era o objetivo, não tinha outra razão para se fazer isso (quebrar o sigilo). Era dizer: olha, essa pessoa está sendo comprada - disse o governador, para quem a oposição, neste momento, precisa "ir para cima dos fatos".

Para Alckmin, o debate dentro do governo sobre o nível da taxa de juros terá continuidade nessa nova gestão, o que, para ele, confere um grau de imprevisibilidade ao rumo da economia.

- Ouvi hoje cedo a entrevista do novo ministro Mantega em que ele diz que a política não é pessoal, é política de governo. Isso é assunto interno lá do governo. O fato é que a questão da política econômica, especialmente a questão da política de juros, tem sido palco de diferenças, de discussão, de debates internos há bastante tempo, mas não tenho como prever o que o novo ministro vai fazer.