Título: NOVOS DONOS INVESTIRÃO ATÉ 40% MAIS NA LIGHT
Autor: Mariza Louven
Fonte: O Globo, 30/03/2006, Economia, p. 28

Combate às perdas com problemas técnicos e `gatos¿ é uma das prioridades. Ações da empresa caem 19,37%

O engenheiro José Luiz Alquéres só assume a presidência da Light em 60 dias, mas já tem planos de se mudar para o Rio, depois de seis anos em São Paulo, e ampliar em até 40% os investimentos na distribuidora, atualmente em torno de US$80 milhões a US$100 milhões por ano. Um de seus principais objetivos é reduzir as perdas de energia provocadas por problemas técnicos e por ligações clandestinas (os gatos), de 24% do total. Alquéres também quer atrair novos consumidores, principalmente ex-clientes como a CSN, e indústrias que planejam se instalar no estado.

¿ Vamos correr atrás, ativando a comercializadora de energia da Light ¿ disse Alquéres, que calcula em 3,5% a 4% ao ano o crescimento do mercado no Rio, baseado principalmente no consumo residencial e comercial.

Ele vê grande potencial especialmente no Vale do Paraíba e na Baixada Fluminense, onde serão instaladas uma siderúrgica e um pólo petroquímico.

Para combater as perdas, serão realizados investimentos em equipamentos, comunicação e desenvolvimento institucional: novos medidores mais avançados, blindados e seguros; campanhas de comunicação para mostrar que pagar o serviço é questão de cidadania; e ações institucionais em conjunto com a polícia, a Justiça e outros concessionários de serviços públicos.

¿ Fui diretor da Light por cinco anos. Na ocasião, conseguimos reduzir as perdas de 13% para 9,5% ¿ disse.

Os investimentos também serão destinados à modernização e à ampliação das subestações, bem como à substituição de trechos antigos da rede por cabeamento novo.

Ontem as ações da Light fecharam em queda de 19,37%, a R$14,90 o lote de mil, a maior queda da Bolsa de Valores de São Paulo. Durante o dia, os papéis chegaram a cair 24%. Investidores consideraram baixo o valor pago pela empresa, que corresponderia a cerca de R$6 por lote de mil ações, quanto anteontem as ações eram negociadas por cerca de R$18.

Segundo Alquéres, o preço pago, US$319,8 milhões, ficou bem abaixo do valor de mercado porque os novos controladores assumiram todo o seu passivo atual, de R$3,5 bilhões, mais os riscos potenciais. Já o preço da ação em bolsa, acrescentou, está relacionada com a pequena liquidez e o baixo volume negociado há 90 dias, quando o valor foi fixado:

¿ O preço vai se ajustar quando tivermos levado para a Bolsa 25% das ações. Ainda haverá ajustes de transição, mas o aumento das transações e o melhor conhecimento da empresa elevará o preço.

Alquéres disse que a Light se beneficiará da estrutura de capital dos novos sócios: a Cemig tem seis milhões de consumidores, a Andrade Gutierrez opera concessões da Rodovia Rio-São Paulo e da Ponte Rio-Niterói; o Pactual é o maior banco de investimentos brasileiro; e os investidores cariocas, do fundo JLA, estão reunidos em torno de Aldo Floris, grande acionista da Vale do Rio Doce.