Título: ATAQUES A LULA NA TRANSMISSÃO DE CARGO DE ALCKMIN PARA LEMBO EM SP
Autor:
Fonte: O Globo, 01/04/2006, O País, p. 9

Cerimônia teve muitos caciques do PFL e poucos dirigentes tucanos

SÃO PAULO. Em meio a ataques ao governo federal, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), transmitiu ontem o cargo ao vice, Cláudio Lembo (PFL), numa cerimônia marcada pela reunião de caciques pefelistas e ausência de dirigentes tucanos. Alckmin e Lembo afinaram o discurso contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, possível adversário de Alckmin na eleição presidencial. Conhecido pelos discursos apáticos, Lembo deu um revés e mostrou que administrará o segundo maior orçamento do país (R$97 bilhões) sem deixar de lado análises sobre o país.

¿ Nós vivemos hoje num Brasil que não queremos, e precisamos mudar com a ajuda de Alckmin ¿ disse Lembo, aplaudido de pé pela platéia de 1.500 pessoas formada essencialmente por funcionários públicos que ocupavam o auditório no Palácio dos Bandeirantes.

O ex-governador não poupou esforços para atacar Lula:

¿ O Brasil não pode continuar nas mãos de amadores ¿ disse Alckmin, para, em seguida, desfiar os números de sua administração em várias áreas.

A direção do PFL não escondia a satisfação com o fato de receber de bandeja as administrações da cidade e do estado de São Paulo. O presidente nacional do partido, senador Jorge Bornhausen (SC), entrou no auditório ao lado de Gilberto Kassab, vice do prefeito José Serra que assumiria o comando da capital paulistana horas depois com a renúncia do prefeito.

¿ Vamos ter a continuidade administrativa de tudo o que fez parte do plano de governo, tanto do governador como do prefeito. Foram compromissos mútuos entre partidos coligados. Isto é parte de um processo correto de conservação política ¿ afirmou Bornhausen.

¿Haverá relação total com a Prefeitura de São Paulo¿

Horas antes, ao tomar posse na Assembléia Legislativa, o novo governador disse que vai estreitar as relações com o prefeito de São Paulo, cargo que passou a ser ocupado também pelo pefelista Gilberto Kassab.

¿ Haverá relação total com a Prefeitura de São Paulo. Na segunda-feira vamos analisar algumas obras e sair a campo para fazer obras integradas entre Estado e município ¿ disse Lembo, que hoje se reunirá com o novo secretariado.

A aliança PSDB-PFL para a disputa eleitoral, segundo o novo governador, caminha sem problemas.

¿ Já acertamos a situação (das alianças) nos 27 estados. Mais do que isso, a presidência nacional do PFL está consultando os parlamentares com uma lista de três nomes e dessa lista sairão os candidatos que serão oferecidos pela coligação. Tenho certeza que em 1º de outubro estaremos com o PSDB.

Estiveram presentes na cerimônia o senador Heráclito Fortes (PFL-PI), o governador do Ceará, Lúcio Alcântara (PSDB), o arcebispo de São Paulo, dom Cláudio Hummes, o rabino Henry Sobel, presidente da Congregação Israelita de São Paulo, e o presidente da Assembléia Legislativa, deputado Rodrigo Garcia (PFL).

Também passaram pelo Palácio dos Bandeirantes os presidentes das seguintes entidades: Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf; Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Guilherme Afif Domingos e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Claudio Vaz. O presidente do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, Paulo Henrique Barbosa Pereira, também esteve na cerimônia, assim como dirigentes de estatais paulistas e deputados.

Claudio Lembo começou na política na Arena. Depois ajudou a fundar o PFL, em 1985, quando foi convidado pelo então prefeito de São Paulo, Olavo Setúbal, a ocupar uma secretaria municipal. Lembo também é reitor da Universidade Mackenzie.