Título: AÉCIO: `EU NÃO SERIA MINEIRO SE IGNORASSE 2010¿
Autor: Sueli Cotta
Fonte: O Globo, 01/04/2006, O País, p. 10

Governador tucano critica a hegemonia paulista na Presidência da República, que pode chegar a 16 anos

BELO HORIZONTE-. Disposto a acabar com a hegemonia paulista na Presidência da República, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), decidiu não só disputar a reeleição como trabalhar para chegar em 2010 como alternativa para romper o período de 16 anos de políticos de São Paulo no Palácio do Planalto. Os planos do governador mineiro já foram traçados: ele pretende inovar em seu segundo mandato, caso seja reeleito: realizar mais obras, buscar mais investimentos do exterior e ficar mais solto para fazer o que gosta: circular por Brasília fazendo política.

¿ Eu não seria mineiro se dissesse que não existe uma candidatura em 2010. Digo com absoluta franqueza: o Brasil chegará à conclusão em 2010 que, qualquer que seja o presidente eleito, completaremos 16 anos consecutivos de governantes paulistas. Não é bom para o país essa concentração por tanto tempo do poder decisório, que traz vícios que precisam ser interrompidos ¿ disse. ¿ O próximo período de governo será uma oportunidade de Minas chamar o Brasil a essa discussão do novo pacto federativo e da nova distribuição tributária para que o país cresça de forma mais igual.

Secretariado reflete a ampla aliança eleitoral

Formar uma chapa que reúna os principais partidos é um dos objetivos do governador para a reeleição. Ele entende que essa união seria fundamental para pavimentar o caminho para a disputar a presidência. O ex-presidente Itamar Franco foi chamado para ajudar na aproximação com o PMDB. Aécio teria um nome do PFL como vice e o PMDB indicaria o candidato ao Senado, vaga pleiteada por Itamar.

Sem ter ainda um adversário que o preocupe na disputa ao governo do estado, Aécio buscou para essa reta final de governo manter nomes de peso no secretariado.

Ele tenta atrair o ex-ministro do Trabalho Paulo Paiva, do governo Fernando Henrique Cardoso, filiado ao PTB. Outro que assume uma pasta é o deputado e ex-ministro da Justiça Ibrahim Abi-Ackel (PP), que vai para a Secretaria de Defesa Social, que comanda a área de segurança. O cargo era ocupado por Antônio Augusto Anastasia, que vai coordenar o programa de governo do candidato do PSDB à presidência, Geraldo Alckmin.

O PMDB também foi contemplado com uma pasta, a de Turismo, que será ocupada pela ex-deputada Maria Elvira. Os deputados Márcio Kangussú (PPS) e Ermano Batista (PSDB) também fazem parte da cota política do governador na mudança do secretariado.