Título: PSDB E PSB DISCUTEM ALIANÇA NO CE
Autor: Isabela Martin
Fonte: O Globo, 01/04/2006, O País, p. 10

Acordo entre Tasso e Ciro pode inviabilizar candidatura de Lúcio Alcântara

FORTALEZA. A indefinição de alianças e candidaturas marca o cenário da sucessão no Ceará. Até mesmo a reeleição do governador Lúcio Alcântara (PSDB) não está assegurada. A incerteza aumentou anteontem à noite após um encontro entre os maiores líderes políticos do estado: o senador Tasso Jereissati (PSDB) e o então ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes (PSB).

A reunião ocorrida no Senado reforçou as especulações de que os tucanos abririam mão da candidatura própria para apoiar Cid Gomes, irmão de Ciro, tendo o atual vice-governador Maia Júnior (PSDB) na vice. Chamado às pressas para participar, Lúcio Alcântara diz apenas que a conversa foi sobre o que seria melhor para o Ceará. Se não disputar a reeleição, ele ficará sem mandato já que não se desincompatibilizou do cargo.

Em entrevista ontem em Brasília, Ciro atribuiu a versão divulgada na imprensa a uma ação de amigos do governador, que estaria se sentindo ameaçado. E negou haver acordo entre ele e Tasso sobre a sucessão.

¿ Há um detalhe fundamental: Tasso é Alckmin e eu sou Lula ¿ disse Ciro.

Uma costura entre Tasso e Ciro manteria a sólida aliança política e de amizade entre eles, que já dura 20 anos. Também poderia minar a estratégia da oposição ao governo estadual. PT e PSB vêm conversando sobre uma coligação em torno de Cid Gomes como candidato ao governo. O vice seria um petista e a união poderia incluir o PCdoB e o PMDB.

Quando a notícia de que Cid poderia ter o apoio do PSDB se espalhou, o deputado Eunício Oliveira, presidente estadual do PMDB, ligou para o deputado estadual José Nobre Guimarães (PT). Cotado para ser candidato a senador na chapa de oposição, teria dito:

¿ Deputado, fomos gongados.

Cid não admite a candidatura oficialmente. Com a manutenção da verticalização, PSDB e PSB só poderão coligar-se no Ceará caso o partido de Ciro Gomes não venha a apoiar formalmente nenhum candidato à Presidência da República.