Título: SEMANA DE ESPECULAÇÕES CHEGA AO FIM COM DÓLAR EM QUEDA DE 1,06%
Autor: Patricia Eloy e Martha Beck
Fonte: O Globo, 01/04/2006, Economia, p. 34

Fundos cambiais foram a melhor aplicação do mês, com rendimento de 1,88%

RIO e BRASÍLIA. O dólar encerrou em queda o último dia de negócios de uma das semanas mais turbulentas do ano. Após atingir R$2,21 na quarta-feira, a moeda americana recuou 1,06% ontem, cotada a R$2,165 para venda. Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) subiu 0,44%. Segundo Mário Paiva, analista de câmbio da corretora Liquidez, o mercado recebeu bem os novos nomes da equipe econômica, o que garantiu a tranqüilidade dos negócios. Além disso, investidores avaliam que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, passou no primeiro grande teste: a reunião, ontem, do Conselho Monetário Nacional (CMN).

De acordo com Carlos Cintra, gerente do Banco Prosper, após meses de críticas ao elevado patamar da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), havia o temor de que o ministro derrubasse fortemente a taxa, impondo uma política monetária bem mais flexível que a do Banco Central (BC), que condena oscilações fortes na taxa.

¿ A queda dos juros em 0,85 ponto percentual mostrou ponderação ¿ diz Cintra.

Na avaliação de Tulio Vera, estrategista do banco de investimentos americano Merrill Lynch, as perdas recentes do mercado brasileiro ¿podem criar uma oportunidade interessante de ganhos a curto prazo¿. Em relatório a clientes, ele diz que a especulação recente foi exagerada e que os fundamentos continuam positivos.

A desoneração das aplicações em títulos públicos federais para investidores estrangeiros já resultou num ganho de R$3,3 bilhões para o governo federal. Essa é a principal conclusão de um documento divulgado pelo Tesouro Nacional ontem. Houve uma redução das taxas pagas pelo Tesouro Nacional em suas emissões. Considerando que a renúncia fiscal estimada seria de R$280 milhões até 2008, o ganho obtido já supera os custos esperados para os próximos 35 anos.

FGTS-Petrobras perdeu 5,29% e o FGTS-Vale, 4,15%

A crise política que culminou na demissão do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, garantiu ganhos elevados aos fundos cambiais, que encerraram o mês como a aplicação mais rentável. Dados da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid) mostram que as aplicações atreladas ao câmbio tiveram um ganho bruto ¿ isto é, sem o desconto do Imposto de Renda (IR) ¿ de 1,88% até o dia 27 de março, data do último levantamento da instituição.

O dólar, que atingiu a mínima do ano no último dia 16 (R$2,110), inverteu a trajetória em meio às denúncias feitas pelo caseiro Francenildo Costa de que o ex-ministro freqüentava a casa em Brasília onde se reuniam ex-assessores da prefeitura de Ribeirão Preto acusados de corrupção.

Outro destaque de rentabilidade ficou com os fundos multimercado, que renderam 1,53% no período. Na contramão, as aplicações em Bolsa foram as que mais decepcionaram os investidores. Após a forte alta dos últimos meses, o mercado de ações passou por fortes correções, intensificadas pela deterioração do quadro político. O FGTS-Petrobras perdeu 5,29% e o FGTS-Vale, 4,15% no mês, também até o dia 27.