Título: PRESIDENTE DO BANCO CENTRAL DIZ QUE TAXAS NÃO CAEM POR AÇÕES VOLUNTARISTAS
Autor: Patricia Duarte e Henrique Gomes Batista
Fonte: O Globo, 01/04/2006, Economia, p. 35

Para Meirelles, país pode crescer mais de 4% este ano se fizer dever de casa

BELO HORIZONTE. Em palestra a empresários que participam da reunião anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento ( BID), o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, reconheceu que os juros reais ¿ cerca de 12% ao ano ¿ são altos, mas lembrou que existe uma trajetória cadente. Em um claro recado aos que, dentro e fora do governo, defendem uma aceleração do processo de queda da Taxa Selic, Meirelles advertiu que a condução da política monetária não pode ser marcada por ações individuais ou voluntaristas.

¿ Os juros reais são de mercado e caem de forma consistente, e não por fatores voluntaristas, individuais, ou pela intervenção do governo federal. Isso gera inflação e instabilidade ¿ disse Meirelles.

O presidente do BC afirmou que o momento atual é auspicioso para a indústria brasileira. Segundo ele, a economia poderá crescer mais de 4% ao ano, ¿desde que se faça o dever de casa¿. Para isso, enfatizou o presidente do BC, o crescimento tem de ser baseado em fundamentos sólidos e consistentes, e não em artificialismos.

Economia mais sólida para enfrentar crises, segundo BC

Aproveitando o clima de rivalidade política, devido ao ano eleitoral, ele fez questão de comparar, usando números de 2002 ¿ último ano do governo Fernando Henrique ¿ e 2006, indicadores como inflação, relação entre a dívida pública e o Produto Interno Bruto (PIB), reservas internacionais, balança comercial e a própria evolução da Taxa Selic, para mostrar que a economia está mais sólida e, portanto, mais forte para enfrentar crises:

¿ O país está preparado para enfrentar volatilidades no mercado internacional, sem euforias de curto prazo com incertezas em relação ao amanhã.

Segundo ele, de 2002 a 2006, a relação dívida/PIB caiu dez pontos percentuais, de 61,7% para 51,7%. A participação do débito cambial na dívida pública doméstica despencou de 40,7% para taxa negativa de 1,4% no início de 2006 e a inflação passou de 9,3% para 4,6%.

Meirelles acrescentou que o Brasil entrou 2006 em ritmo de crescimento substancial. Disse que a reação começou no último trimestre de 2005, quando houve uma expansão de 3,2%.