Título: Ataque amplia resistência a plano de Olmert
Autor: Renata Malkes
Fonte: O Globo, 01/04/2006, O Mundo, p. 40

Colonos prometem combater proposta do premier eleito de retirada parcial de assentamentos da Cisjordânia

TEL AVIV. Líderes de colonos israelenses reagiram com indignação ao atentado terrorista que matou quatro civis, entre eles a brasileira naturalizada israelense Helena Halevy, na noite de quinta-feira no assentamento de Kedumim. Muitos culparam pelo ataque o primeiro-ministro eleito, Ehud Olmert, e afirmaram que vão ampliar a resistência ao plano de agrupamento proposto por ele visando à remoção de dezenas de colônias ilegais na Cisjordânia e à delimitação definitiva das fronteiras de Israel nos próximos quatro anos.

¿ Tudo aqui é relacionado a política. Olmert foi imaturo e se tentar realizar outro plano unilateral a resistência será ainda maior do que em Amona ¿ advertiu a prefeita de Kedumim, Daniela Weiss, referindo-se à demolição de sete casas ilegais há dois meses, o que resultou em violentos choques entre colonos e policiais israelenses na Cisjordânia.

Segundo Daniela, o ataque é uma resposta dos palestinos ao projeto. Ela acredita que o número de atentados contra assentamentos israelenses da Cisjordânia vai dobrar nos próximos meses numa tentativa do Hamas de apressar a destruição dos assentamentos. Conhecida ativista da direita nacionalista, Daniela já foi presa diversas vezes por incitar a resistência às vésperas da retirada unilateral da Faixa de Gaza, em agosto passado.

Cerca de mil famílias vivem em Kedumim, criada em 1975 e considerada uma das colônias mais nacionalistas e ideológicas da região. Os moradores ganharam as manchetes dos jornais ao se envolverem em protestos contra o plano de retirada da Faixa de Gaza. Num dos episódios mais dramáticos, a moradora Yelena Bosinova, de 54 anos, ateou fogo ao próprio corpo em protesto à política do premier Ariel Sharon, provocando a única morte registrada durante a manobra que removeu oito mil colonos de 25 assentamentos em Gaza.

Em entrevista ao site de notícias da direita nacionalista Canal 7, o ex-rabino-chefe de Kedumim Daniel Shilo também criticou a política unilateral em relação aos palestinos. Segundo ele, chegou a hora de Israel começar a cuidar de problemas internos, como economia, emprego e violência, em vez de se preocupar em remover judeus de suas casas. Para Shilo, a questão dos palestinos deve ser tratada apenas com o uso de força militar.

¿ O Exército tem condições de resolver isso. Quando seres humanos chegam ao ponto de cometer uma atrocidade como este atentado, matando e morrendo, o significado é que vivemos numa ilusão de que é possível chegar a um acordo de paz. Israel precisa fazer com que eles se desesperem com o uso da força, pois só assim os árabes desistirão de nos atacar ¿ afirmou.