Título: SAIA-JUSTA NO ARMÁRIO DA PRIMEIRA-DAMA
Autor: Tatiana Farah
Fonte: O Globo, 02/04/2006, O País, p. 4

Assembléia quer investigar doação de roupas para Lu Alckmin

SÃO PAULO. Lu Alckmin, mulher do candidato tucano à Presidência da República, Geraldo Alckmin (PSDB), pode ter de explicar na Justiça e na Assembléia Legislativa o recebimento, como doação, de 400 peças de alta-costura do estilista Rogério Figueiredo. O estilista afirma ter feito as doações à ex-primeira-dama paulista de 2001 a 2005. Agora, o corregedor da Assembléia, Romeu Tuma Junior (PMDB), vai entrar com uma representação contra Lu Alckmin no Ministério Público Estadual.

Os deputados também ameaçam convocar Lu Alckmin para depor no plenário da Assembléia. Segundo o corregedor, a ex-primeira-dama recebeu as doações para benefício público e não pessoal, por isso precisará se explicar.

Segundo o estilista tem afirmado, as 400 doações somam 200 modelos de roupas. A ex-primeira-dama nega ter recebido tanto. Lu Alckmin afirma que recebeu cerca de 40 peças e que todas foram doadas à Fraternidade Irmã Clara. A doação de Lu à fraternidade teria ocorrido em três etapas, por três anos consecutivos.

A instituição, porém, afirma que só recebeu dez vestidos da ex-primeira-dama, e mesmo assim dias depois de ter sido divulgada a doação. Cada vestido de Figueiredo pode custar até R$5 mil. A assessoria da primeira-dama contesta as informações da Fraternidade Irmã Clara dizendo que as demais doações, em 2004, 2005 e em março de 2006, foram feitas anonimamente.

O guarda-roupa da primeira-dama já foi um problema também para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2004, o estilista Ivan Aguilar entregou para a mulher do presidente 27 conjuntos sem que a primeira-dama precisasse desembolsar um centavo. O fato foi duramente criticado pela oposição.

O estilista de Marisa, Aguilar, chegou a dizer que as roupas da primeira-dama eram pagas pelo presidente com cheques. Depois, constrangido, desmentiu e afirmou que eram doações, assim como 15 ternos feitos para Lula.

No caso de Lu Alckmin, o estilista Rogério Figueiredo também acabou dando mais uma alfinetada na semana tumultuada do candidato Geraldo Alckmin.

¿ Foram quatro anos. Ela não tinha o que vestir. Só de tricôs e casaquinhos foram mais de cem. Vestidinhos básicos, milhares. Ela nunca pagou nada ¿ disse Figueiredo em entrevista à ¿Folha de S. Paulo¿.