Título: Eriberto, o Francenildo de Collor, quer sossego
Autor: Demétrio Weber
Fonte: O Globo, 02/04/2006, O País, p. 17

O homem que denunciou ex-presidente evita imprensa e lamenta aparição do caseiro que ameaça sua rotina

BRASÍLIA. Personagem decisivo na derrubada do presidente Fernando Collor, o motorista Eriberto França não quer nem ouvir falar no caseiro Francenildo Costa. Catorze anos depois de incendiar o país com a revelação de que o tesoureiro PC Farias pagava as despesas de Collor, Eriberto evita a imprensa e tenta levar uma vida pacata de funcionário público, longe de qualquer confusão. A contragosto, ele percebeu que a súbita aparição do caseiro, capaz de levar à lona o ministro Antonio Palocci, reavivou a memória e fez muita gente se perguntar sobre o destino do motorista que derrubou Collor.

Aos 42 anos, Eriberto está de volta à Radiobrás, a empresa de comunicação do governo federal onde trabalhava antes de virar motorista da secretária de Collor. Disposto a nunca mais virar notícia, ele agora manuseia informação. No estúdio de TV da Radiobrás, é operador de câmera e teleprompter, o equipamento que projeta os textos lidos pelos apresentadores de telejornais.

¿ Não tenho nada a ver com a história deste caseiro. Não tenho nada para dizer. Sou imparcial ¿ disse ele, com educação, ao anunciar que não daria entrevista na semana passada.

Eriberto afirmou que o silêncio atende a um pedido da família. Depois de toda a confusão pessoal e profissional que se seguiu à bombástica entrevista concedida à revista ¿IstoÉ¿ em 1992, confirmada posteriormente em depoimento à CPI que investigava PC Farias no Congresso, o ex-motorista tenta refazer a vida. Colegas de trabalho dizem que ele costuma ser brincalhão e muito falante. Só se cala quando o assunto é o seu papel no impeachment de Collor.

Perguntado se depois se arrependeu do que fez, Eriberto é categórico:

¿ Não me arrependo. Fiz o que tinha que fazer.