Título: Garotinho se mexe
Autor: Tereza Cruvinel
Fonte: O Globo, 03/04/2006, O GLOBO, p. 2

Numa derradeira tentativa de viabilizar sua candidatura à presidência da República, Anthony Garotinho está se aproximando do PSDB. O ex-governador tem estreitado relações com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e com o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin. Sua expectativa é mostrar ao PMDB governista que é melhor tê-lo como candidato do que no palanque do PSDB.

O flerte entre Garotinho e os tucanos paulistas, no entanto, tem limites. Integrantes da direção do PSDB garantem que não existe a menor possibilidade de Garotinho vir a ser o vice de Alckmin. O posto está reservado ao PFL, um aliado mais fiel e previsível que o PMDB. Mesmo sabendo disso, esse jogo interessa a Alckmin, que precisa mostrar viabilidade eleitoral, e também para a ala de oposição do PMDB, que precisa de um cacife para se colocar na mesa de negociações.

Mas esses movimentos envolvendo Garotinho não agradam a tucanos e pefelistas do Rio de Janeiro. Temem que Alckmin faça uma aliança com Garotinho e que tente impor um acordo. Os tucanos do Rio estão vacinados e têm na memória a intervenção feita pela direção do PT, dominada pelos paulistas, sacrificando o projeto regional dos petistas em favor das necessidades da política nacional. O secretário-geral do PSDB, deputado Eduardo Paes (RJ), é áspero com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, por este defender uma aliança dos tucanos do Rio com Garotinho.

¿ O Aécio fica reclamando da ditadura dos paulistas no PSDB. Espero que não pretenda substituí-la por uma ditadura mineira ¿ critica Eduardo Paes.

Adversários regionais, tucanos e pefelistas argumentam que o discurso do banho de ética de Alckmin ficaria fragilizado com a aliança. Citam o relatório da CPI dos Correios, que indiciou dirigentes de fundos de pensão nomeados pelo ex-governador do Rio.

Garotinho ainda acredita que até junho serão criadas condições internas no PMDB para que ele seja candidato a presidente. Mas seus aliados explicam que ele precisa de um plano B, caso não seja candidato. Os entendimentos com o PSDB não estão concluídos nem se pode prever seu desfecho, mas fica evidente que ao conversar com os tucanos Garotinho está sinalizando que não faz parte de seus planos apoiar a reeleição do presidente Lula.

A candidatura Itamar Franco ao Senado pelo PMDB de Minas Gerais não é fava contada. O ex-governador Newton Cardoso está apoiando o nome do ex-prefeito Zaire Resende.