Título: PERDÃO DE DÍVIDA SERÁ TEMA EM BH
Autor: Eliane Oliveira e Flávia Oliveira
Fonte: O Globo, 03/04/2006, Economia, p. 14

Brasil vai liderar comissão para estudar reivindicação de países pobres

BELO HORIZONTE. Representantes de 47 países associados ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) se reúnem hoje com um impasse entre ricos e pobres. Pressionados pelas nações menos desenvolvidas da região, entre as quais Bolívia, Honduras, Haiti e Equador, que querem o perdão de suas dívidas junto ao banco, Brasil, México, Venezuela e Argentina concordam com o benefício, desde que seja bancado pelos países mais ricos, o que não conta com a concordância dos Estados Unidos.

¿ Apoiamos a proposta, mas preferimos que os ricos arquem com o perdão, repondo a diferença no Fundo de Operações Especiais ¿ disse o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.

A idéia em discussão é perdoar cerca de US$3,6 bilhões devidos ao BID. Diante da falta de consenso, ficou decidido que será criada uma comissão, tendo à frente o Brasil, para estudar o assunto e encontrar uma solução que agrade a todos.

A criação da comissão foi confirmada no fim da tarde de ontem, em nota emitida pelo Tesouro americano. O governo dos EUA destaca que os países mais pobres da região preferem investir o dinheiro que usariam para pagar suas dívidas na construção de escolas, hospitais e estradas. Mas, segundo fontes, se depender dos EUA, os demais sócios do BID terão que ajudar.

Outro ponto que fará parte das discussões que ocorrerão na assembléia de governadores do BID, de hoje a quarta-feira, é o fato de a América Latina, apesar de passar por um bom momento, não contar com instrumentos eficazes de prevenção de crises financeiras. Segundo os economistas que desde quarta-feira passada estão reunidos em seminários, a região passa por um período sem precedentes, com exportações em alta, queda da inflação e redução dos déficits fiscais. Isso faz com que as margens dos títulos desses países estejam em níveis historicamente baixos, mais atraentes para investidores, por apresentarem risco inferior.

As receitas dos economistas passam por bônus vinculados a preços de produtos primários, a taxas de crescimento nacional ou à ocorrência de desastres naturais. (Eliane Oliveira e Flávia Oliveira, enviadas especiais)