Título: Brasil crescerá 3,8% este ano, diz instituto
Autor: Flávia Oliveira e Eliane Oliveira
Fonte: O Globo, 03/04/2006, Economia, p. 15

IIF prevê que desempenho será o segundo pior da América Latina

BELO HORIZONTE. Entidade que reúne as maiores instituições financeiras do mundo, o Instituto Internacional de Finanças (IIF) prevê crescimento econômico de 3,8% para o Brasil em 2006. O país terá o segundo pior desempenho numa lista que traz projeções para sete economias da América Latina: perde apenas para o México, que deve crescer 3,5%. Tal como ocorreu em 2004 e 2005, Venezuela e Argentina ¿ criticadas pelos agentes financeiros internacionais por não seguirem a cartilha da ortodoxia econômica ¿ vão liderar a expansão econômica da região este ano, com avanços de 7% e 6,7%, respectivamente, diz o IIF.

Semana passada, a entidade divulgou sua estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB, o conjunto de riquezas produzidas por uma economia durante um ano) latino-americano: 4,1%. Ontem, tornou público os números de cada país. No relatório especial sobre a região, o instituto estima crescimento médio anual de 4,7% no triênio 2004-2006. O presidente do Banco Central (BC) brasileiro, Henrique Meirelles, disse que no mesmo período, se confirmada a expansão de 4% prevista pela instituição, o país terá crescido 3,7% ao ano. Segundo ele, a taxa é ¿quase o dobro do registrado nos dez anos anteriores¿.

Meirelles abriu ontem a reunião regional do IIF com um discurso em que destacou a vitória da política monetária do BC sobre a inflação, que converge para as metas fixadas pelo governo. Ele também chamou a atenção para a queda na relação entre a dívida pública e o PIB, para a sustentabilidade fiscal do país e para a redução da vulnerabilidade externa.

Meirelles diz que BC quer reforçar reservas

O relatório do IIF (que congrega 340 bancos de 60 países) prevê IPCA de 4,4% este ano, ¿em linha com a meta de 4,5% do BC¿. Apesar das indefinições sobre o preço internacional do petróleo, a entidade espera que os juros básicos terminem 2006 em 14,5% ao ano. Já a meta de superávit primário deve ficar em 4,4% do PIB, pouco acima da meta de 4,25%.

Diferentemente de 2002, o IIF não espera que as eleições presidenciais provoquem turbulências no mercado financeiro, uma vez que a economia brasileira tem uma ¿posição externa mais forte e há convergência na política econômica dos dois principais candidatos, o presidente Lula o candidato do PSBD (Geraldo Alckmin)¿. O texto diz ainda que Lula pode ser reeleito, se conseguir ¿enfrentar a crise de corrupção e conquistar o voto da classe média¿.

Meirelles evitou falar sobre taxas de juros, mas afirmou que a atuação do BC no câmbio tem como objetivo reforçar as reservas internacionais para continuar reduzindo a vulnerabilidade externa do Brasil.