Título: PLANEJAMENTO: VERBA SOCIAL PODE CRESCER
Autor: Eliane Oliveira e Flávia Oliveira
Fonte: O Globo, 04/04/2006, Economia, p. 22

Segundo ministro, Lula admite aumentar recursos para os pobres

BELO HORIZONTE. Num trecho improvisado de seu discurso na abertura da 47ª Reunião Anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse que o governo pode aumentar o orçamento da área social para universalizar o acesso dos pobres ao Bolsa Família. Ele afirmou que o presidente Lula já assegurou ao ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, que os R$21 bilhões orçados para este ano podem ser ampliados. Segundo Paulo Bernardo, sem descumprir metas fiscais nem comprometer a política econômica, Lula quer cumprir compromissos de campanha:

¿ O presidente tem assegurado ao ministro (Patrus) e cobrado da equipe econômica que, se necessário, vai aumentar o orçamento para universalizar o atendimento às famílias que são elegíveis.

Paulo Bernardo disse que o governo está fazendo sua parte para promover a eqüidade social e melhorar a qualidade do gasto público. Em três anos, disse, Lula implementou políticas fiscal e econômica que dão aos brasileiros e aos investidores ¿a certeza de um horizonte de previsibilidade¿. O ministro frisou que a eqüidade deve ser o pilar do desenvolvimento da América Latina e a educação e o empreendedorismo, seus instrumentos por excelência:

¿ Conviver com fundamentos macroeconômicos sólidos é condição necessária para o desenvolvimento sustentado. Mas não é suficiente.

O presidente do BID, Luis Alberto Moreno, fez coro. Disse que não há ¿modelo único de desenvolvimento, consensos mágicos ou receitas milagrosas¿. E chamou a atenção para o fato de a América Latina ter concentrados esforços no hardware do desenvolvimento (políticas macroeconômicas e reformas do Estado), em detrimento do software (políticas sociais). Para o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, a austeridade fiscal não pode ser obtida às expensas de prioridades sociais.

Paulo Bernardo também criticou o BID. Para ele, falta integração nos setores público e privado do banco, há pouca autonomia dos técnicos e e faltam facilidades financeiras em projetos de infra-estrutura. (Eliane Oliveira e Flávia Oliveira)