Título: Mantega descarta risco de ano eleitoral afetar crescimento do país
Autor: Eliane Oliveira e Flávia Oliveira
Fonte: O Globo, 04/04/2006, Economia, p. 22

Ministro da Fazenda acena com queda de juros e redução de tributos

BELO HORIZONTE. Em seu primeiro encontro com empresários e investidores nacionais e estrangeiros, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, traçou um cenário otimista para a economia brasileira. Ele informou que há um compromisso do governo de reduzir a carga tributária, destacou que hoje sobram dólares no Brasil ¿ o que garante um processo eleitoral tranqüilo em um país com economia forte para enfrentar ataques especulativos ¿ e indicou que a trajetória de queda das taxas de juros é um caminho sem volta.

¿ Se houve exagero (nos juros), isso é coisa do passado ¿ assegurou o ministro, durante palestra aos participantes da reunião anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Referindo-se ao cenário interno político, hoje marcado por denúncias e investigações generalizadas envolvendo atuais e ex-integrantes do governo, Mantega afirmou:

¿ O ano eleitoral não sofrerá interferência ou ruído que impeça o crescimento robusto da economia. Não há o que temer. Pela primeira vez na história, está sobrando dólar no país. Os detentores de dólares querem se livrar dessa moeda e irem para o real. O rufar dos tambores está aí e a economia não se abala.

Para ministro, país é capaz de crescer até 5,5% ao ano

Mantega revelou que estão na mira do governo, em termos de novas desonerações tributárias, investimentos, bens de capital, produtos da cesta básica e custos de pequenas e médias empresas. Ele esclareceu que, no ano passado, houve aumento de receitas com impostos e contribuições devido à maior eficiência da máquina de arrecadação, sem elevação de alíquotas dos diversos tributos.

Segundo o ministro, o país vive uma situação bem mais confortável. Não há risco de fuga para o dólar, como ocorria em ocasiões passadas, tal como no fim de 2002, quando Luiz Inácio Lula da Silva estava na frente das pesquisas e causava insegurança nos mercados. Ele enfatizou que o país está em um círculo virtuoso, capaz de garantir taxas de crescimento de 5% a 5,5% ao ano a médio prazo. Para 2006, a previsão do ministro é de um aumento de 4% a 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB).

¿ O presidente Lula optou por um crescimento lento e gradual da economia, sem retrocessos ¿ disse o ministro.

Mantega fez questão de rechaçar as comparações do Brasil com a China e a Índia. Ele disse que o momento vivido pelos dois países é o mesmo que o país viveu no século passado, quando a economia de agrária passou a ter como foco principal a indústria, gerando crescimento maior.