Título: TV DIGITAL: TRANSMISSÃO VAI DEMORAR
Autor: Monica Tavares
Fonte: O Globo, 04/04/2006, Economia, p. 24

Segundo representante da indústria, este ano só poderão ser feitos testes

BRASÍLIA. A demora do governo em definir o padrão de TV digital que será implantado no Brasil vai atrasar a entrada em operação comercial do novo serviço. O início estava previsto para setembro. Mas o representante da Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão e Telecomunicações (SET) e diretor de Engenharia da TV Globo, Fernando Bittencourt, disse que este ano somente poderão ser realizados testes em São Paulo. Após a definição do padrão, as emissoras deverão levar cerca de 12 meses para começar as transmissões.

¿ A demora vai atrapalhar. Acho que comercialmente não dá mais tempo de entrar este ano. O que pode ser feito é uma demonstração na Copa do Mundo, mas não comercial ¿ afirmou Bittencourt.

Ele disse também que a indústria não está pronta para fornecer equipamentos imediatamente. Segundo Bittencourt, não dá mais tempo de ter televisores ou conversores no mercado este ano. A indústria de receptores levaria de 12 a 18 meses para começar a vender os equipamentos.

O diretor da SET, que participou ontem de audiência pública sobre TV digital no Conselho de Comunicação do Senado, comemorou a decisão do ministro das Comunicações, Hélio Costa, de permanecer no cargo. Ele disse que Costa tem defendido as idéias da SET e dos radiodifusores.

Grupo de ministros vai ao Japão semana que vem

Bittencourt disse que espera que a viagem da comitiva de ministros brasileiros para visitar fábricas no Japão seja um sinal de que o governo vai optar pelo padrão japonês. O ministro das Comunicações informou ontem que o grupo deve viajar na próxima segunda-feira para o Japão. O relatório final sobre a TV digital vai incluir os dados da viagem.

O diretor de Tecnologia da Philips, Walter Duran, que também participou da audiência pública, defendeu que o país escolha o padrão de TV digital europeu (DVB), a fim de garantir mercado para os televisores digitais produzidos no Brasil. Segundo ele, a proposta comercial que a Coalizão DVB ¿ composta pelas empresas Philips, STM, Nokia, Siemens, Rohde&Schwarz e Thales ¿ apresentou ao governo brasileiro prevê alíquota zero de imposto de importação dos aparelhos, caso o país adote esse padrão.