Título: JORGE FÉLIX VAI AO CONGRESSO EXPLICAR PEDIDO DE PALOCCI
Autor: Evandro Éboli/Jaílton de Carvalho/Henrique Gomes B
Fonte: O Globo, 05/04/2006, O País, p. 3

Ex-ministro da Fazenda teria solicitado também à Abin para investigar o caseiro Francenildo

BRASÍLIA.O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Jorge Félix, vai hoje ao Congresso para revelar detalhes de mais uma investida do ex-ministro Antonio Palocci para tentar investigar o caseiro Francenildo Santos Costa. O general Félix vai explicar em que circunstâncias o então ministro Palocci pediu que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) investigasse o caseiro.

O general atenderá a convite do presidente da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI), deputado Alceu Collares (PDT-RS). Na comissão, o general dirá aos parlamentares que o pedido de Palocci não foi atendido pois compete à Abin fazer investigações relativas à segurança do Estado e da sociedade.

O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, disse desconhecer se o ex-ministro Antonio Palocci havia pedido a ajuda da Abin, mas afirmou ter certeza de que o órgão se negaria a fazer aquele tipo de investigação.

- Não sei se (Palocci) procurou. Mas, se procurou, procurou mal. Porque a Abin jamais faria um trabalho desse tipo e teria a mesma conduta que o Ministério da Justiça teve quando foi convidado a fazer um tipo de investigação que não tinha uma denúncia concreta - disse Tarso.

Além do general Félix, participará da audiência no Congresso o diretor-geral da Abin, Márcio Paulo Buzanelli. Em nota oficial, o GSI afirmou que o general só se manifestará sobre o pedido de Palocci na audiência. Na nota, o GSI ressalta ainda que a Abin, "em razão de dispositivos legais, tem suas atividades voltadas exclusivamente para produção de conhecimentos relativos à segurança da sociedade e do Estado brasileiro, não realizando trabalhos de inteligência sobre outros temas, principalmente aqueles envolvendo investigações de cunho pessoal".

A Polícia Federal também não teve conhecimento de que a Abin teria sido acionada por Palocci. Boa parte da articulação de Palocci no período imediatamente anterior à sua demissão foi feita a partir do terceiro andar do Palácio do Planalto. O ex-ministro, desde o início do governo, costumava despachar no Planalto, em salas que fazem parte do complexo do gabinete da Presidência. Assim como outros ministros, Palocci costumava utilizar duas salas de reuniões - uma média e outra pequena - que ficam ao lado da chamada sala de audiências, um salão usado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para pequenas cerimônias.

Na mesma área existe a sala de reuniões do presidente, a sala de situação, usada por Lula para encontros com os ministros e almoços, onde há uma mesa de reuniões e um grande mapa. Palocci não usava essa sala.

Segundo ministros e assessores, Palocci usava uma das duas salas de reuniões - geralmente usadas por ministros que aguardavam encontro com Lula ou mesmo quando queriam se reunir entre eles com maior discrição, sem o assédio de terceiros. O acesso privado a essas salas, sem passar pelas secretárias, pode se dar de duas maneiras, sendo um pela porta principal, que dá para o corredor do terceiro andar. Ao chegar ao terceiro andar, o ministro não precisava passar pelas secretárias do presidente para entrar nessas salas.

A outra forma de acesso é por uma porta interna, na sala de audiências. Dessa maneira, a pessoa vai de sua sala ao gabinete de Lula passando pela porta interna sem ser visto no corredor.