Título: Okamotto nega cuidar das finanças de Lula
Autor: Bernardo de la Peña
Fonte: O Globo, 05/04/2006, O País, p. 10

Resposta foi única exceção que presidente do Sebrae abriu na acareação com Paulo de Tarso na CPI dos Bingos

BRASÍLIA. O presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, amigo do presidente Lula que pagou sua dívida de R$29 mil com o PT, negou ontem na CPI dos Bingos ser o responsável pelas finanças pessoais de Lula e de sua família. A resposta foi a única exceção que ele abriu na acareação, promovida pela comissão, para tratar de qualquer tema que não fosse rebater as acusações feitas a ele pelo economista Paulo de Tarso Venceslau.

O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) havia perguntado se Okamotto e o advogado Roberto Teixeira eram os responsáveis pelo pagamento das contas pessoais do presidente Lula e de sua família. Como o petista não respondeu, o pefelista atacou dizendo que ele não negara a informação de que os dois seriam responsáveis por pagar as contas do presidente.

- Eu nego. Nunca cuidei das finanças pessoais de ninguém. Só das minhas - afirmou Okamotto.

A falta de respostas do petista - protegido por uma decisão do Supremo Tribunal Federal - sobre o assunto irritou os senadores, mas a audiência continuou por cinco horas. Okamotto e Paulo de Tarso bateram boca sobre uma polêmica que se arrasta por 13 anos no PT.

- Um chamou o outro de mentiroso e esperávamos do Okamotto a sua quebra de sigilo - resumiu Efraim de Morais (PFL-PB), presidente da CPI.

O economista acusa Okamotto de ter participado de um esquema para arrecadação irregular de recursos junto a fornecedores das prefeituras petistas. Ele nega. Paulo de Tarso diz que a polêmica sobre o assunto começou em 1992 num encontro de secretários de finanças petistas em Ribeirão Preto. Ele teria alertado os secretários para tomar cuidado com a empresa Cepem, que, diz o economista, seria do advogado Roberto Teixeira, que se apresentava como "compadre do Lula".