Título: Operação foi a maior já realizada pela Polícia Federal no Rio de Janeiro
Autor: Cássia Almeida/Jorge Martins/Chico Otávio
Fonte: O Globo, 05/04/2006, Economia, p. 22

Procuradoria pediu prisão de 24 representantes de empresas, mas Justiça negou

Na maior operação já feita no estado, a Polícia Federal pretendia prender os fiscais suspeitos de uma vez só, todos juntos, aproveitando uma reunião bimestral da categoria na Delegacia Regional do Trabalho do Rio (DRT-RJ), mas a idéia foi descartada porque impediria a busca e apreensão de documentos e outras provas nas casas dos envolvidos. Três auditores, que compareceram à reunião, ontem, chegaram a ser presos no local, mas a maioria foi surpreendida, logo cedo, em sua residência.

O cuidado para evitar que a operação vazasse (metade dos policiais federais mobilizados era do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Espírito do Santo) teve resultado: no início da tarde, 55 dos 56 suspeitos com mandados de prisão temporária concedidos pela Justiça já haviam cruzado, algemados, os portões da PF na Praça Mauá. A Polícia cumpriu mandados de prisão e de busca e apreensão no Rio, em Niterói, Nova Iguaçu, Magé, São Pedro da Aldeia, Nova Friburgo e Maricá.

Desde o início, o envolvimento da superintendência da PF no Rio foi pequeno (como vem ocorrendo nas operações mais importantes no Estado do Rio). Deflagrada no início do ano passado, depois que a PF e o Ministério Público Federal receberam um relatório produzido pela Corregedoria do Ministério do Trabalho, que começou a investigar o esquema em março de 2003, a Operação Paralelo 251 foi conduzida por dois delegados do Nordeste, Daniel Granjeira de Souza e Marcelo Conceição Aires. Eles começaram o trabalho num município do interior fluminense, mas ampliaram a investigação ao perceberem a extensão da rede de corrupção. As provas mais contundentes foram produzidas por escutas telefônicas, mas as informações foram cruzadas com documentação da área de fiscalização do Ministério do Trabalho.

Policiais federais trazidos em aviões da FAB

Os agentes mobilizados para as prisões e apreensões de ontem foram trazidos por aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) de unidades da PF no Nordeste e Sul. Eles dormiram em quartéis da Marinha e da Aeronáutica e só tomaram conhecimento da missão de cada equipe (foram constituídas 105 equipes) na madrugada de ontem, ao receber envelopes lacrados. Para reforçar a proteção contra o vazamento, equipes foram misturadas com agentes de estados distintos que não se conheciam.

A lista dos presos poderia ser bem maior. O Ministério Público Federal pediu a prisão temporária de mais 24 representantes de empresas envolvidas no esquema. Mas a Justiça negou o pedido, afirmando que os empresários podem ser acusados por corrupção passiva, mas não de formação de quadrilha. Mas em algumas empresas a Justiça permitiu a busca e apreensão de documentos: Transportes Estrela, Viação Auto Diesel e Feital Transportes e Turismo, e os escritórios de advocacia do fiscal aposentado Fabiano Rossi das Neves, do fiscal Emmanuel de Jeson Avelino e do agente Jorge Xavier Pereira Aleixo.

O setor de transporte público foi um dos citados pelo coordenador da investigação, delegado da PF Marcelo Aires, como envolvido no esquema. Procurada, a Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Rio (Fetranspor) não se pronunciou. O presidente da Associação dos Supermercados do Rio, Aylton Fornari, ficou surpreso com a inclusão do setor na operação.

As famílias dos fiscais presos Mario Roberto de Souza Santiago, Dinézio de Paiva, Carlos Alberto Paúra e Fabiano Rossi das Neves foram procuradas, mas não quiseram falar.

COLABOROU Jorge Martins

os suspeitos presos

AUDITORES FISCAIS

Calixto El Amme

Carlos Alberto Paúra

Clóvis Carvalho de Bustamante

Edson Goes de Aguiar

Emmanuel Djeson da Costa Avelino

José Antonio Alves

Marcelo Kopelman

Maria Elizabeth P. de Barros

Mario Roberto de Souza Santiago

Marly Spinola do Amaral

Mauricio Adib Cury

Newton Peres Lopes

Oswaldo de Azevedo Fernandes do Carmo

Risoleta Fernandes Bernardes

Sebastião Alves da Silva

Silvio Luiz Damico Raposo

Thais Fiorito de Brito Caruso

Vera Lúcia Geraldo

Arnaldo Guttman

Claudia de Moura

M. de Paiva

Dinézio Carlos Ornelas de Paiva

Edson Antonio de Souza Correia

Eduardo de Oliveira Salgado

Gelso de Moraes Bauce (Petrópolis)

José Carlos Nogueira França

José Luiz Santos de Almeida

Jurandir Ribeiro de Azevedo

Luiz Carlos Soares

Luiz Fernando Pereira da Costa Filho

Manoel Farias de França

Marcio Bastos Martins

Neli Borsato Sad

Paulo Cezar de Azevedo

Rodolfo Araújo Filho

Sergio Paulo dos Santos Pimentel

Virgínia Medeiros de Moraes Machado

Darcilda dos Santos Montez

Adroaldo dos Reis Athayde

José Carlos Nogueira França

Wagner Maurício R. Ribeiro

AUDITORES INATIVOS

Fabiano Rossi das Neves

Manoel Farias de França

Edson Umbelino dos Santos

AUDITORA EXONERADA

Laura Maria Santos de Brito

AGENTES ADMINISTRATIVOS

Zelia Rodrigues Carrapeto

Gilda Maria Teixeira Mendes

Antonio Carlos Rosa

Carlos Alberto Lira

Jorge Xavier Pereira Aleixo

José Carlos Roquette da Silva

José Luiz da Silva Freitas

Sonia Regina da Silva Couto

Wilson de Souza

Almir Machado

Antonio Carlos Leal dos Santos

Ivan Gonçalves Poyares