Título: INDÚSTRIA CRESCE 1,2%, PUXADA PELO CONSUMO
Autor: Mariza Louven
Fonte: O Globo, 05/04/2006, Economia, p. 26

Recuperação da produção de bens de capital e de insumos para construção indicam aumento do investimento

A produção industrial do país cresceu 1,2% de janeiro para fevereiro, invertendo a queda de 1,3% ocorrida na virada de dezembro para janeiro, segundo os índices com ajuste sazonal divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação entre fevereiro deste ano e o mesmo mês de 2005, a expansão foi de 5,4%, a quinta consecutiva e o melhor desempenho desde junho de 2005. A taxa acumulada em 12 meses foi para 3%, interrompendo a trajetória de queda deste indicador, observada desde março de 2005.

- O consumo, interno e externo, puxado pela expansão do crédito, pelo aumento da massa salarial e pela queda da inflação, foi o que mais pesou positivamente. As exportações, que continuam crescendo apesar do ritmo menos acelerado, também contribuíram - analisou o chefe de Coordenação da Indústria do IBGE, Silvio Sales.

A recuperação da produção industrial foi generalizada, atingindo 15 das 23 atividades pesquisadas. De janeiro para fevereiro, os destaques positivos foram a farmacêutica, com expansão de 26,2%, veículos automotores, de 4,8%, máquinas e equipamentos, de 2,6%, e de bebidas, 3,7%. Já os negativos foram: metalurgia básica (-4,8%), outros produtos químicos (-1,5%) e perfumaria, sabões e produtos de limpeza (-5,1%).

Entre as quatro categorias de uso, a de bens de consumo duráveis teve o crescimento mais acentuado, 6%, invertendo a queda de 4,2% em janeiro. Este grupo - inclui a produção de automóveis, eletrodomésticos, celulares e mobiliário - também teve a maior expansão em fevereiro, frente a igual mês do ano passado, de 14,9%.

Os bens de consumo semi e não-duráveis com expansão de 1,7% e os de capital, com 1,5%, também ficaram acima da média, que foi de 5,4%. Já a produção de bens intermediários, após quatro meses de resultados positivos, foi a única que caiu, 0,6%, provavelmente compensada parcialmente pelas importações.

- Entre os bens intermediários está a metalurgia básica, influenciada pela paralisação da produção de uma siderúrgica - disse Sales, referindo-se ao acidente no alto-forno da CSN.

Setor de bens duráveis tem alta de 16,6% no bimestre

Os índices de média móvel trimestral mostram que a trajetória da produção industrial é crescente, com avanço de 0,8% entre janeiro e fevereiro. Este movimento foi observado tanto nos bens de consumo duráveis (5,9%), quanto nos semi e não-duráveis (1,2%), nos bens de capital (1,0%) e nos intermediários (0,3%).

No bimestre, o melhor desempenho continua sendo o dos bens duráveis, que acumulam alta de 16,6%. A produção de bens de capital também cresceu 8,6%, impulsionada pelos setores relacionados à infra-estrutura - principalmente itens para energia elétrica (42,1%) e para a construção (19,9% - e de uso misto (16,3%), como os de informática e telefonia celular.

O bom desempenho dos bens de capital, combinado com o dos insumos para a construção civil, com 7% de crescimento no bimestre, indicam melhora na taxa de investimento da economia, informou Sales.

INCLUI QUADRO: O DESEMPENHO DO SETOR