Título: SAÚDE: RESTRIÇÃO A COBERTURA É MAIOR QUEIXA
Autor: Maria Fernanda Blaser
Fonte: O Globo, 05/04/2006, Economia, p. 30

Pro Teste avaliou 186 tipos de planos administrados por 16 operadoras. Aprovar exames é principal dificuldade

SÃO PAULO e RIO. Dificuldades para aprovar um pedido de exame e até cobrança de cheque-caução estão entre os principais problemas enfrentados por quem tem plano de saúde. Pesquisa feita pela Pro Teste - Associação Brasileira de Defesa do Consumidor com 186 tipos de planos de 16 empresas diferentes mostra que a limitação de cobertura é o maior obstáculo.

- As operadoras negam pedidos de exames e cirurgias porque julgam desnecessários. E o cliente fica sem uma justificativa - afirma Samasse Leal, economista da Pro Teste.

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) também está preocupada com o número de reclamações pelas negativas de cobertura.

- A maioria dos processos abertos é por causa disso - diz a assessora especial da Diretoria de Fiscalização da ANS, Carolina Gouveia.

Na última segunda-feira, a ANS publicou uma resolução normativa que, entre outras mudanças, aumenta o valor da multa de operadoras que negarem cobertura a conveniados com a justificativa de que não foram informadas de doenças preexistentes. A multa máxima pulou de R$35 mil para R$250 mil.

- A operadora tem obrigação de perguntar. Se ela não usou todos os procedimentos que podia para se certificar, o cliente não pode pagar sem que a ANS julgue primeiro - afirma Carolina Gouveia.

Pesquisa mostra as melhores e as piores coberturas

O levantamento feito pela Pro Teste também mostra quais são os convênios com as melhores e as piores coberturas do mercado. O melhor plano é o Absoluto III Apartamento, da Unimed Paulistana, e o pior o Fenix Enfermaria, da Amesp.

- A pesquisa mostrou o óbvio: quanto mais caro, melhor o plano - afirma o presidente da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), Arlindo Almeida.

Severino Lima comprou um plano de saúde da Amesp em janeiro, mas desistiu do convênio em março:

- Eles compraram minhas carências, mas não colocaram na carteirinha, que tinha prazos maiores. Reclamei, a empresa prometeu trocar e não o fez. Acabei desistindo.

A pesquisa da Pro Teste mostra que a operadora tem alto índice de rejeição: 48% dos seus clientes entrevistados trocariam de empresa se não perdessem a carência já cumprida.

O diretor jurídico da Amesp, Pedro Ramos, contesta:

- A margem de erro do levantamento com clientes é de 20% no nosso caso. Além disso, a Pro Teste comparou planos enfermaria com apartamento.

Na avaliação da Pro Teste, as condições gerais dos contratos dos planos da DixAmico foram consideradas ruins por causa da longa carência. A maioria das empresas fixa a carência em 30 dias, com exceção dos procedimentos de alta complexidade, cujo prazo pode ser de até 180 dias, conforme a lei. Mas, nas apólices da DixAmico, o prazo fixado é de 180 dias de carência, independentemente do tipo de exame ou procedimento.

A DixAmico informou que saltou de dez mil para 860 mil clientes e que todos os contratos e produtos seguem a lei 9.656. Além disso, afirmou, a empresa não figura em nenhum ranking oficial de reclamações.

Segundo a Pro Teste, para saber a satisfação dos consumidores com os planos de saúde, foram feitas 1.266 entrevistas com seus associados. Em cada item era pedido que o usuário desse uma nota de 1 a 10 e foi calculada a média dos resultados. A pesquisa indicou que, quanto melhores a rede credenciada e o atendimento, maior a satisfação geral com o plano. No item Satisfação geral com o plano, os piores resultados ficaram com o Hapvida e com a Samcil. A Unimed Campinas foi a que obteve a nota mais alta, 8,5 (veja quadro).

Para saber se o atendimento administrativo do plano agrada ao consumidor, a pesquisa perguntava se a pessoa já teve que pedir autorização para fazer exames e se algum pedido foi negado. A nota média de satisfação deste item foi 7,6. As piores notas foram dadas ao Hapvida e à Samcil.

Ao enfocar a rede credenciada, a pesquisa perguntou sobre a qualidade dos profissionais, a abrangência e a localização da rede. A satisfação ficou com média de 8,0. A Hapvida e a Samcil mantiveram os piores resultados.

Segundo a Pro Teste, atitudes ilegais, como cobrar cheque-caução ou não informar quando há mudança na rede, foram algumas das queixas feitas pelos entrevistados.

A Samcil Planos de Saúde informa que desconhece os critérios da pesquisa realizada pela Pro Teste e esclarece que pesquisas mensais realizadas por empresas independentes indicam um índice de 88% de satisfação de seus associados. A empresa afirma, ainda, que 60% de suas vendas mensais, o que significa dez mil novos planos de pessoa física por mês, são resultantes de indicações de pessoas que já possuem um plano de saúde Samcil.

A Hapvida, que é de Fortaleza, diz que no ano passado teve um crescimento de sua carteira de 25% com relação a 2004 e que a empresa tem o menor índice de reclamações no Procon em comparação com seu maior concorrente, a Unimed-Fortaleza. A empresa alega ainda que está investindo em treinamento e no aumento da rede credenciada.

(*) Do Diário de S.Paulo

COLABOROU: Nadja Sampaio

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