Título: DEPOIMENTO EM CASA IRRITA OPOSIÇÃO
Autor: Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 06/04/2006, O País, p. 12

Parlamentares reclamam de privilégio concedido a Antonio Palocci pela PF

BRASÍLIA E RIOA ida da Polícia Federal à casa do ex-ministro Antônio Palocci anteontem para tomar o seu depoimento provocou protestos entre os parlamentares da oposição ao governo no Congresso. Embora Palocci tenha alegado motivos de saúde para ser ouvido em casa, pefelistas e tucanos consideraram o procedimento uma manobra adotada para preservar o ministro dos jornalistas.

Na terça-feira, à tarde, os advogados de Palocci anunciaram que concederiam uma entrevista por volta das 17h, no hotel Meliá, na região central de Brasília. Neste horário, entretanto, o ex-ministro foi ouvido em casa pelo delegado federal Rodrigo Carneiro Gomes.

¿ A Polícia Federal deu tratamento privilegiado e diferente do dado ao caseiro. O ex-ministro continua tendo a cooperação do ministro da Justiça. A operação foi antidemocrática ¿ afirmou o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ).

O senador tucano Álvaro Dias (PR) concorda:

¿ Ele não tem mais as prerrogativas de ministro para marcar hora e local em que vai ser ouvido.

O senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) lembrou que, depois de perder o posto de ministro, Palocci é, hoje, um cidadão comum:

¿ É mais uma prova do envolvimento do Estado. Por que o caseiro não foi ouvido em casa também?

A líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), defendeu a ação da PF:

¿ Era por uma questão médica e essa história de colher o depoimento em situações fora do comum já deve ter sido adotada outras vezes.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também defendeu Palocci:

¿ Ao se antecipar, o ministro Palocci demonstrou que quer ajudar no esclarecimento e achei que foi muito bom.

O delegado Rodrigo Carneiro Gomes negou ontem que tenha antecipado o depoimento para proteger o ex-ministro. O interrogatório estava marcado inicialmente para às 10h de ontem, na Polícia Federal.

Segundo Gomes, o depoimento foi antecipado porque Palocci estava na iminência de viajar para São Paulo para fazer exames médicos. Em nota divulgada ontem, o advogado de Palocci, José Roberto Batochio, afirmou que a forma como o depoimento foi tomado não constitui regalia, mas sim direito de qualquer cidadão em circunstâncias especiais de saúde.

COLABOROU:Jailton de Carvalho