Título: MINISTÉRIO PÚBLICO E PF BRIGAM SOBRE CASEIRO
Autor: Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 07/04/2006, O País, p. 10

Procurador fará parecer sobre continuar ou não a investigação

BRASÍLIA. O procurador da República Vinícius Fernando Alves Fermino vai apresentar à Justiça Federal um parecer sobre a queda-de-braço entre a Polícia Federal e o Ministério Público, que divergem sobre a investigação da origem dos R$25 mil depositados na conta do caseiro Francenildo Costa no início deste ano. A juíza Maria de Fátima de Paula Pessoa, da 10ª Vara Federal, pediu o parecer de Fermino depois de receber do delegado Rodrigo Carneiro Gomes um relatório favorável à continuidade das investigações sobre a movimentação financeira de Francenildo, como divulgou O GLOBO na edição de ontem.

Gomes enviou o relatório à Justiça em resposta ao pedido de trancamento das investigações sobre o caseiro, formulado há duas semanas pelos procuradores da República Gustavo Pessanha Velloso e Lívia Tinoco. Fermino deverá atuar no caso como fiscal da lei. A partir da análise do procurador, Maria de Fátima decidirá se a PF deve ou não averiguar a origem dos R$25 mil encontrados na contra de Francenildo. O caseiro recebeu o dinheiro no início deste ano, antes de prestar depoimento na CPI dos Bingos contra o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci.

Para Velloso e Lívia não há nada que justifique uma investigação sobre o dinheiro do caseiro. O delegado discorda. Para ele, não se pode presumir culpa ou inocência antes de uma investigação. No relatório que enviou à Justiça, Gomes aponta vários indícios de movimentação atípica que dariam base a apuração sobre o dinheiro de Francenildo, que diz ter recebido os recursos do pai biológico, dono de uma empresa de ônibus em Teresina, no Piauí.

O pagamento faria parte de um acerto para que Francenildo desistisse de uma ação de reconhecimento de paternidade. O empresário disse que fez o pagamento com dinheiro que recebeu de um amigo, ainda não identificado. A PF também considera incomum o interesse de Francenildo em dar declarações públicas. Depois do depoimento à CPI, no dia 16 do mês passado, ele pediu abrigo ao Programa de Proteção à Testemunha, da PF. Mas desistiu da ajuda