Título: FURLAN APOSTA EM CRESCIMENTO ACIMA DE 5% COM JUROS A 14% ATÉ FIM DO ANO
Autor: Ronaldo D 'ERcole
Fonte: O Globo, 07/04/2006, Economia, p. 29

Ministro diz que indicadores apontam para previsões mais otimistas

SÃO PAULO. O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, afirmou ontem que o Brasil tem condições de encerrar o ano com uma taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de riquezas produzidas no país) superior a 5%, e com os juros básicos (Selic) em patamar abaixo de 14%. Segundo ele, diferentes indicadores do nível de atividade na economia nos três primeiros meses do ano possibilitariam uma expansão maior do que prevêem os analistas do mercado financeiro, e o próprio governo, para o PIB de 2006.

¿ Acredito que há uma convergência dos índices e que o Brasil pode crescer mais de 5% este ano. O comportamento do comércio exterior vai bem, os números do mercado interno que estão saindo são muito positivos ¿ disse o ministro, após participar do Fórum Econômico Mundial sobre América Latina.

Mais importações para equilibrar valor do real

Para Furlan, essa aceleração do crescimento será alcançada sem qualquer comprometimento das metas do governo de superávit fiscal e de inflação.

Sobre sua expectativa para a queda das taxas de juros, o ministro disse que o comportamento da inflação dá condições para a continuidade dos cortes da Selic (hoje em 16,5% ao ano), inclusive em ritmo mais acelerado.

¿ O juro brasileiro, em termos reais, tem que se manter em um dígito. Então, se a meta de inflação começa a ser avaliada em 4%, eventualmente menos de 4%, significa que um dígito tem que ser algo parecido com 14%, ou menos. Com isso, estaremos reduzindo custos de produção, dando alento à competitividade brasileira no exterior.

O ministro afirmou também que o governo continuará atuando para que o valor do real, excessivamente valorizado ante o dólar, atinja um patamar mais adequado. O recente aumento nas importações já seria fruto dessas ações.

¿ Nós estamos fazendo um trabalho que levará o câmbio a um ponto de razoável equilíbrio, que ainda não foi alcançado. As importações realmente vêm crescendo a uma velocidade acima das exportações, que estão dentro das previsões ¿ disse, lembrando que a meta do seu ministério é de que as exportações atinjam US$132 bilhões este ano.