Título: MP PODE DENUNCIAR 2 OFICIAIS POR NEGLIGÊNCIA
Autor: Antonio Werneck
Fonte: O Globo, 08/04/2006, Rio, p. 17

Inquérito do roubo de 11 armas no quartel do Exército é encaminhado aos promotores da Justiça Militar

O Ministério Público Militar do Rio estuda a possibilidade de denunciar administrativamente dois oficiais do comando do Estabelecimento Central de Transportes (ECT) do Exército, por ¿ineficiência de força¿, o que está previsto no Código Penal Militar e que pode levar os dois a deixarem o posto na unidade. Os promotores encontraram indícios de negligência dos dois militares no caso do roubo de 11 armas do quartel. O inquérito policial-militar (IPM) chegou ontem ao MP Militar.

Promotor diz que MP adota tolerância zero

O ECT foi invadido no dia 3 de março passado por quatro homens vestindo uniformes de camuflagem do Exército e com toucas para esconder o rosto. Dez fuzis e uma pistola foram roubados. Para os promotores responsáveis pelo caso, se eles deixaram por algum motivo de observar normas militares podem ser responsabilizados.

¿ O Ministério Público Militar está adotando a tolerância zero e pretende punir com o maior rigor possível, sem distinção de patente ou graduação, qualquer militar que negligencie na guarda de armamento ¿ disse um dos promotores do caso, que pediu para não ser identificado.

Os promotores também informaram ontem que peças do inquérito serão enviadas à Justiça estadual para que ela apure indícios de crimes como roubo, associação para o tráfico de drogas e formação de quadrilha cometidos supostamente pelo sargento Humberto Freire; o ex-cabo Joelson Basílio da Silva; o ex-soldado Carlos Leandro de Souza; e dois civis que já foram identificados. Os crimes não estão previstos no Código Militar. Os cinco são acusados na esfera militar de roubo e deverão ser denunciados, juntamente com mais três militares do quartel suspeitos de negligência.

Soldado é um dos suspeitos de negligência

Um dos alvos é o soldado que estava de serviço na guarita da garagem do ECT e primeiro a ser rendido. Para os promotores ele teve uma postura omissa já que estava em ponto estratégico e foi facilmente rendido pelos autores do roubo no quartel.

¿ Ele só não vai ser indiciado como partícipe do roubo porque ajudou, com informações concretas, na identificação do ex-cabo ¿ disse um dos promotores.

A partir de segunda-feira, o MP terá cinco dias para oferecer a denúncia.