Título: PRODUTIVIDADE NA INDÚSTRIA CAIU 1,4%
Autor: Eliane Oliveira
Fonte: O Globo, 10/04/2006, Economia, p. 15

Brasil está em penúltimo no ranking e CNI culpa falta de investimentos

BRASÍLIA. Um estudo da Confederação Nacional da Industria (CNI), concluído semana passada, mostra que a produtividade do trabalho na indústria de transformação caiu 1,4% em 2005, em relação ao ano anterior. Com esse resultado, o crescimento acumulado na primeira metade da década ficou em 3,4%, o que equivale a uma taxa anual média de apenas 0,7%. Esse desempenho é um dos piores nos últimos 35 anos e coloca o Brasil em 22º lugar num ranking de 23 países, na comparação dos ganhos de produtividade do trabalho.

O resultado dos últimos cinco anos só não foi pior que o registrado na segunda metade da década de 80, quando a produtividade teve uma queda anual média de 0,7%. ¿O desempenho atual nos remete à década de 80, que ficou conhecida como a década perdida¿, diz o estudo.

A falta de investimentos, principalmente em inovação tecnológica, é apontada como uma das principais responsáveis pelo baixo crescimento da produtividade na indústria na primeira metade desta década.

O economista Renato da Fonseca, da CNI, explica que a redução da produtividade em 2005 era esperada, porque esse indicador tende a acompanhar a alta da produção ¿ de 2,8% ano passado, contra 8,5% em 2004. Além disso, houve crescimento do emprego em 2005, provocando uma queda na produção por trabalhador, que é uma das formas de medir a produtividade.

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O que mais preocupa, diz o economista, é a queda drástica dos ganhos de produtividade nos últimos cinco anos. Os elevados ganhos dos anos 90, fruto da abertura da economia, do câmbio favorável e da modernização tecnológica, foram em grande parte corroídos entre 2000 e 2005, o que deve reduzir a competitividade da indústria brasileira, prevê Fonseca:

¿ Para que o país não tenha mais uma década perdida é necessário estimular o investimento, principalmente em inovação tecnológica.

Na década de 90, o Brasil estava em quarto no ranking. Mas perdeu espaço para os países asiáticos e os EUA, com taxas médias anuais acima de 6% nos primeiros quatro anos desta década. Nesse período, o Brasil registrou 1,3%, só acima da Itália (-0,9%).

Para o presidente da CNI, Armando Monteiro, o desafio é garantir que as condições macroeconômicas estimulem o investimento na indústria:

¿ O Brasil tem potencial, um grande mercado e o governo voltou a se preocupar com política industrial. Mas é preciso também uma política monetária menos restritiva e a redução da carga tributária.