Título: TRANSPOSIÇÃO DO SÃO FRANCISCO FICA NO PAPEL
Autor: Luiza Damé
Fonte: O Globo, 09/04/2006, O País, p. 11

Projeto está parado desde o fim do ano passado e dificilmente Lula terá como dar início às obras antes da campanha

BRASÍLIA. Maior promessa de obra do governo Luiz Inácio Lula da Silva, o projeto de transposição das águas do Rio São Francisco está parado desde o fim do ano passado, corre o risco de não sair do papel antes do início do processo eleitoral e dificilmente o presidente terá o que mostrar até o fim do seu mandato. Opositores da obra conseguiram liminares na Justiça e paralisaram a licitação. Mas o governo mantém o discurso e diz que tão logo o Supremo Tribunal Federal (STF) decida a questão, o Batalhão de Engenharia do Exército poderá começar a primeira etapa do projeto, agora chamado de revitalização e integração de bacias do São Francisco.

A saída do cearense Ciro Gomes do Ministério da Integração Nacional para disputar as eleições não compromete o empenho do governo pela obra. Seu substituto, o também cearense Pedro Britto era o coordenador do projeto e é homem de confiança de Ciro. Britto diz que até o fim de 2008 a obra será inaugurada.

¿ Com a liminar, nada está sendo feito. O projeto está parado ¿ disse Britto. ¿ A Justiça tem todas as informações técnicas do projeto. Agora temos de aguardar a decisão da Justiça, pelo sim ou pelo não. A nossa expectativa é que seja pelo sim. Outras liminares já foram derrubadas.

¿Obra em si, acho que não terá¿

O ministro admitiu que dificilmente o presidente Lula terá o que mostrar da transposição do São Francisco durante a campanha eleitoral:

¿ Obra em si, acho que não terá. Não há tempo prático.

A retomada do processo de licitação, suspenso em outubro do ano passado, depende de decisão do STF, que tomou para si a responsabilidade das ações envolvendo a transposição, porque o São Francisco é considerado um rio federal ¿ cruza cinco estados diferentes ¿ e os interesses de alguns desses estados divergem do que quer a União. O relator de quatro ações diferentes, duas da Bahia, uma de Sergipe e uma de Minas Gerais, é o ministro Sepúlveda Pertence, mas a data do julgamento não está marcada.