Título: MP investigará sociedade do filho de Alckmin
Autor: Tatiana Farah e Soraua Aggege
Fonte: O Globo, 11/04/2006, O País, p. 10

Convênios de acupunturista do tucano com o governo paulista também serão analisados pelos promotores

SÃO PAULO. O Ministério Público decidiu ontem investigar se há ligação entre a sociedade de Thomaz Alckmin, filho do ex-governador Geraldo Alckmin, com Suelyen Jia, filha do acupunturista do ex-governador, Jou Eel Jia, e os convênios do médico com o governo do estado. O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Rodrigo Pinho, anexou ao processo de investigação a reportagem publicada pelo GLOBO sobre a sociedade entre Thomaz e Suelyen numa empresa de produtos naturais.

Semana passada, Pinho iniciou investigações para saber se há participação direta de Alckmin nos acordos publicitários entre duas estatais e a revista ¿Ch¿an Tao¿, da Associação de Medicina Tradicional Chinesa, presidida pelo médico chinês. A CTEEP (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista) pagou R$120 mil por dois anúncios na revista. A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico de São Paulo) também publicou anúncio, mas não divulga o valor gasto. A ¿Ch¿an Tao¿ publicou entrevista de nove páginas com o então governador.

Jou tem também convênios com o governo do estado, todos para ministrar cursos da técnica de meditação chinesa conhecida como Li¿en Chi. Em um projeto, o governo gastou R$1,044 milhão. A Secretaria de Educação afirma que a despesa foi com diárias e transporte. O governo e o médico dizem que não há remuneração para Jou.

Muitas oficinas foram realizadas no spa do médico, que leva o mesmo nome da revista. Ano passado, 864 professores e diretores de escolas se hospedaram por três dias no spa, cuja diária é de R$165. O médico disse que cobrou diária de R$70.

O corregedor da Assembléia Legislativa de São Paulo, Romeu Tuma Júnior (PMDB), teve seu escritório político invadido no fim de semana. Segundo ele, foram levados documentos, muitos deles referentes às investigações sobre supostas irregularidades no governo Geraldo Alckmin. Tuma Júnior é o autor das duas representações que geraram as investigações pelo Ministério Público sobre o ex-governador e a ex-primeira dama Lu Alckmin, e também de um pedido de CPI sobre as propagandas do governo. Tuma Júnior disse que foi avisado de que seus telefones estão grampeados e já pediu uma perícia ao Instituto de Criminalística.

Na rua do escritório, próxima à Assembléia, não há registro de assalto há cinco anos, segundo a polícia. O único outro caso nos arquivos foi de invasão no mesmo escritório, ano passado, após o corregedor ter aberto sindicância para apurar possível venda de votos de deputados nas eleições da Mesa Diretora.

¿ Não quero ser leviano, mas é muito estranho isso acontecer após eu denunciar a corrupção na Nossa Caixa e apurar a eventual relação promíscua entre o Executivo e o Legislativo. Querem me intimidar, mas não vão conseguir¿ disse Tuma Júnior, que pediu segurança para vigiar seu escritório.