Título: Enquanto isso, avaliação do governo não muda
Autor: Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 12/04/2006, O PAÍS, p. 12

Pesquisa Sensus mostra que, apesar do mensalão e da violação da conta do caseiro, popularidade fica estável

BRASÍLIA. Apesar de todas as denúncias que envolvem ex-ministros, dirigentes petistas e parlamentares aliados, a avaliação do governo e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva permanece estável. A candidatura de Lula, porém, começa a ser afetada. Segundo pesquisa do Instituto Sensus, divulgada ontem pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT), o presidente sofreu queda de cerca de cinco pontos percentuais nas intenções de votos. A sondagem foi realizada depois da divulgação da quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos, que provocou a demissão de Antonio Palocci do Ministério da Fazenda. Na pesquisa, Lula aparece com 37,5% das intenções de voto contra 42,2% registrados em fevereiro. Já o candidato tucano Geraldo Alckmin subiu de 17%,4% para 20,6%. O ex-governador Anthony Garotinho (PMDB-RJ) ficou praticamente estável, variando de 14,4% em fevereiro para 15% em abril. As intenções de voto na senadora Heloisa Helena (PSOL-AL) caíram de 5,1% para 4,3% em abril. Indecisos, votos em branco e nulos somam 22,7%. O Sensus ouviu dois mil eleitores entre os dias 3 e 6 de abril, em 195 municípios de todas as regiões do país. A margem de erro é de três pontos percentuais. A pesquisa está registrada no TSE sob o número 4235/2006. Lula também perde pontos nas simulações de segundo turno. Numa disputa com Alckmin, teria 45% dos votos contra 33,2% do tucano. Na pesquisa anterior, Lula tinha 51,3% e Alckmin, 29,7%. Se o adversário for Garotinho, Lula teria 48,5% (contra 54,1% em fevereiro). Garotinho ficaria, segundo as pesquisas de fevereiro e abril, com 24%. Contra a senadora Heloisa Helena no segundo turno, Lula teria 52,4% e ela, 17,9%.

Aliados festejam liderança folgada

Já a avaliação pessoal do presidente e a aprovação do seu governo quase não se alteraram. A avaliação negativa do governo teve um pequeno crescimento, mas a avaliação positiva ficou estável entre fevereiro e abril, variando ligeiramente de 37,5% para 37,6%, enquanto a avaliação regular caiu de 40% para 36,7%. Segundo a pesquisa, 53,6% dos entrevistados aprovam o governo Lula e 37,6% desaprovam. Apesar da queda, os aliados do governo consideram que Lula ainda mantém liderança folgada em relação aos adversários. ¿ Os números mostram que Lula continua liderando em todos os cenários e Alckmin aparece com muita dificuldade em nacionalizar o seu nome ¿ disse o líder do governo, senador Aloizio Mercadante (PT-SP). ¿ O presidente é um fenômeno ¿ disse o líder do PMDB no Senado, Ney Suassuna (PB). Lula mantém, porém, alto índice de rejeição: 35,7% dos entrevistados disseram que não votariam no presidente. Mas a rejeição a Alckmin é de 33,5%. A Garotinho, de 50,7%, e à senadora Heloisa Helena (PSOL-AL), de 47,7%. Segundo o cientista político Ricardo Guedes, do Sensus, quem tem rejeição na casa dos 35% está dentro do jogo político. Ele considera a rejeição a Garotinho proibitiva do ponto de vista eleitoral. Guedes ressaltou que os números mostram um alerta para o governo por causa da sucessão de problemas políticos recentemente. ¿ Os episódios negativos começam a afetar a imagem do presidente Lula ¿ disse Guedes, referindo-se à quebra do sigilo do caseiro Francenildo Costa.