Título: Filhos de Alckmin e Lula viram arma eleitoral
Autor: Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 12/04/2006, O PAÍS, p. 14

ONDE ESTÁ A ÉTICA? `ACABOU ESSA HISTÓRIA DE QUE NÃO SE TOCA MAIS EM NOME DE FILHO DE ADVERSÁRIOS¿, DIZ TASSO

PSDB ameaça convocar filho do presidente para depor na CPI dos Bingos caso filho do tucano seja chamado pela Assembléia

BRASÍLIA. A cúpula do PSDB decidiu ontem partir para a ofensiva, na tentativa de proteger seu candidato à Presidência, Geraldo Alckmin, das denúncias que o atingiram nas últimas semanas. Contra a ameaça do PT paulista de convocar Thomaz Alckmin, filho do ex-governador, na Assembléia Legislativa para explicar uma sociedade com a filha do acupunturista de seu pai ¿ que teria recebido verba pública do governo de São Paulo ¿ os tucanos ameaçaram aprovar um requerimento na CPI dos Bingos para que o filho do presidente Lula também seja ouvido. Fábio Luiz Lula da Silva ou Lulinha, como é conhecido, é sócio da empresa Gamecorp, que, numa operação de venda de ações, teria sido beneficiado com pelo menos R$5 milhões pela Telemar, concessionária de serviços públicos. ¿ A gente teve muito prurido com o Lulinha, que recebeu US$20 milhões, mas eles não titubearam em propor a convocação do filho do Alckmin por causa de uma lojinha de produtos naturais. Acabou essa história de que não se toca mais em nome de filho de adversários. Acho que o Lulinha tem de ser convocado logo ¿ disse o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE).

Comando de campanha quer tirar Alckmin da defensiva

Diante do resultado das últimas pesquisas de opinião, indicando que a candidatura de Alckmin estacionou na faixa dos 20%, o comando da campanha tucana chegou à conclusão de que é fundamental tirar o ex-governador de São Paulo da defensiva. Além de acertar ofensiva no Congresso, a estratégia do partido é intensificar a agenda de viagens de Alckmin pelo país, especialmente no Nordeste. Para criar um fato novo, fazem planos de formalizar a aliança com o PFL com o anúncio do nome do vice na chapa de Alckmin até o fim do mês. Os pefelistas, por enquanto, ainda estão divididos entre os senadores Agripino Maia (RN) e José Jorge (PE). O primeiro leva uma ligeira vantagem entre os tucanos, embora o segundo venha de um colégio eleitoral mais representativo. ¿ A decisão é do PFL. Não pretendemos interferir nessa escolha ¿ disse o coordenador da campanha de Alckmin, o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE). Ontem, Alckmin se encontrou em São Paulo com o presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), e com o senador Heráclito Fortes (PI), que será o representante pefelista na coordenação da campanha do ex-governador paulista. Bornhausen disse que seu partido está aberto à ¿tríplice aliança¿, juntando o PMDB.

Alckmin terá sede de campanha em Brasília

Na reunião realizada anteontem à noite na sede do PSDB em Brasília, com Alckmin, Tasso, Guerra, o governador de Minas, Aécio Neves, e o secretário-geral do partido, deputado Eduardo Paes (RJ), buscou-se montar uma estrutura mínima para essa fase de pré-campanha. O jornalista Gilney Rampazzo será o coordenador de imprensa do candidato tucano, que também já escolheu Felipe Cigollo para cuidar da agenda. Está nos planos do PSDB alugar nos próximos dias um apartamento em Brasília, que será a principal base da campanha, para Alckmin. Também foi decidido que o partido formará um conselho financeiro para cuidar dos gastos do candidato em vez de nomear um tesoureiro. Na sexta-feira Alckmin vai a Nova Jerusalém (PE, onde assistirá à Paixão de Cristo. Na próxima semana visitará Mato Grosso e Paraíba.