Título: EX-GERENTE DA NOSSA CAIXA DEPÕE HOJE
Autor: Tatiana Farah
Fonte: O Globo, 12/04/2006, O PAÍS, p. 14

Funcionário foi demitido após relatório sobre direcionamento de verba publicitária

SÃO PAULO. Jaime de Castro Júnior, ex-gerente de Marketing da Nossa Caixa, depõe hoje no Ministério Público Estadual sobre as denúncias de direcionamento político de verbas de publicidade do banco. O promotor Sérgio Turra Sobrane quer apurar se havia esquema viciado de propaganda e como funcionaria a suposta distribuição de verbas para atender a deputados da bancada de apoio do ex-governador Geraldo Alckmin, candidato tucano à Presidência. Segundo a Corregedoria da Assembléia Legislativa, Castro Júnior tem sofrido ameaças de morte. Ele é autor de um relatório paralelo a uma sindicância feita pela Nossa Caixa no ano passado. Segundo Castro Júnior, a empresa distribuía verbas publicitárias atendendo a interesses políticos para contemplar aliados de Alckmin. No meio do ano passado, a Nossa Caixa abriu sindicância sobre uma irregularidade que se estendia por 22 meses: a falta de licitação e contrato de agências de publicidade. Nesse período, o banco gastou R$48 milhões em propaganda. Após a sindicância, Castro Júnior foi demitido por justa causa. Na época, o Ministério Público não foi acionado pelo governo para apurar as irregularidades. Isso só ocorreu depois de uma denúncia anônima, em dezembro. Ontem, na Assembléia Legislativa, funcionários e aposentados da Nossa Caixa tentaram convencer os deputados a instalar uma CPI para investigar o caso. O alvo dos manifestantes foi a ex-primeira-dama Lu Alckmin. As bancárias fizeram um desfile com vestidos na rampa da Assembléia para lembrar a suposta doação de 400 peças de roupa que Lu teria recebido do estilista Rogério Figueiredo. A ex-primeira-dama admite que recebeu 40 vestidos e diz que os doou. Mas deputados de oposição não conseguiram aprovar ontem a convocação do filho do ex-governador Thomaz Alckmin e do médico Jou Eel Jia, cuja filha é sócia de Thomaz. Jia é acupunturista de Alckmin e o Ministério Público investiga se foi favorecido em projetos no governo. ¿ O PT chegou lá no fundo do poço. Jamais foi vista corrupção da gravidade que o Brasil vive. Agora é só ataque. Ataque, ataque, ataque¿ reagiu ontem Alckmin.