Título: GASTOS PÚBLICOS PREOCUPAM ANALISTAS
Autor: Helena Celestino
Fonte: O Globo, 12/04/2006, ECONOMIA, p. 33

Especialistas prevêem que 2007 será difícil para a economia brasileira

NOVA YORK. Wall Street já não está olhando para o Brasil com a mesma confiança de poucas semanas atrás, mas a mudança de humor tem maior relação com o aumento dos gastos do governo do que com as perspectivas eleitorais em novembro. Os analistas acham que pode haver turbulência pré-eleitoral no mercado se não houver controle das despesas no segundo semestre. ¿ Existe uma lei de responsabilidade fiscal que tem de ser cumprida, mas, se a gastança continuar, pode haver volatilidade ¿ disse o vice-presidente do banco Lehman Brothers, John Welch. Reunidos ontem num café da manhã promovido pela Câmara de Comércio Brasileiro-Americana para discutir as perspectivas para a eleição presidencial no Brasil, os analistas concordaram que há mais pessimismo sobre a economia brasileira em 2007, independentemente de quem vencer as eleições. Eles acham que, tanto no caso da reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva quanto da vitória de Geraldo Alckmim, será difícil tocar a agenda de reformas no Congresso. ¿ Alckmin terá dificuldade para negociar a maioria no Congresso e Lula vai enfrentar um PT mais à esquerda, pois os escândalos tornaram mais fraca a ala moderada do partido ¿ disse Christopher Garman, diretor de América Latina do Grupo Eurásia. ¿ Não acho que um segundo mandato de Lula será desastroso, mas acho que vai ser mais difícil ¿ disse Welch. Para Alexandre Barros, gerente da consultoria Early Warning, os escândalos não enfraqueceram Lula junto à população de baixa renda. ¿ Para essa faixa da população, os 400 vestidos de grife da mulher de Alckmin são muito mais claros do que a Conta Dusseldorf, por onde passaria dinheiro do PT para o exterior ¿ disse.