Título: ITALIANOS NO EXTERIOR FORAM CRUCIAIS PARA VITÓRIA DA OPOSIÇÃO
Autor: Vera Gonçalves de Araujo
Fonte: O Globo, 12/04/2006, O MUNDO, p. 35

Centro-esquerda teve a preferência de eleitores que vivem no resto do mundo

RIO, SÃO PAULO e PORTO ALEGRE. Pela primeira vez, eleitores italianos escolheram representantes que vivem no exterior para vagas no Parlamento, e os votos de emigrantes e seus descendentes foram cruciais para a vitória de Romano Prodi. O candidato de centro-esquerda obteve maioria ¿ estreita ¿ no Senado graças aos votos do exterior, e a América do Sul teve importância fundamental, com a eleição de Luigi Pallaro, da Argentina (o maior colégio eleitoral da região). Candidato da Associação Italiana na América do Sul, ele prometeu apoio a Prodi. Dos 900 mil emigrantes e descendentes que votaram (42% do total autorizado a ir às urnas), 43% escolheram a coalizão União, de Prodi, e 21% a coalizão de centro-direita Casa das Liberdades, do primeiro-ministro Silvio Berlusconi. Não por acaso Prodi logo agradeceu aos italianos no exterior, considerando que seus votos ¿foram fundamentais¿. Já Berlusconi afirmou que ¿na votação no exterior há muitas irregularidades e, portanto, não se pode excluir que alguns desses votos sejam invalidados¿. ¿ Ninguém (na Itália) se dava conta da importância dos votos no exterior até este momento, nem mesmo os parlamentares italianos. Quando a apuração acabou e veio o empate, todos voltaram sua atenção para o exterior ¿ comentou o cônsul-geral da Itália no Rio de Janeiro, Ernesto Massimo Bellelli. Bellelli informou que no Brasil a Associação Italiana na América do Sul teve 37% dos votos, Prodi 29% e Berlusconi 14%. Mas de acordo com dados computados pelo economista Diego Tomassini, de São Paulo, candidato da coligação de Berlusconi e não eleito, a coligação de Prodi foi a mais votada no Brasil tanto para a Câmara como para o Senado. Como teve também mais votos na Argentina, foi a vencedora na América do Sul para o Senado, enquanto a Casa das Liberdades, de Berlusconi, venceu na Câmara. Nenhum dos 11 candidatos do Brasil se elegeu. Da lista de 45 da América do Sul, quatro argentinos e uma venezuelana se elegeram. O candidato a deputado mais votado no Brasil, da lista do Partido na Defesa dos Italianos no Exterior, foi o presidente do Comitê dos Italianos no Exterior do Rio Grande do Sul, Adriano Bonasttepe, de 71 anos, de Porto Alegre.