Título: LIMITES DA FORÇA
Autor:
Fonte: O Globo, 17/04/2006, OPINIÃO, p. 6

A mensagem deixada pelo novo secretário de Segurança do Rio, delegado federal Roberto Precioso Júnior, em seu primeiro pronunciamento oficial, invocando o necessário respeito e não o temor ao aparelho policial, foi oportuna e tenta, mais uma vez, quebrar o paradigma de que a polícia é pura e simplesmente uma agência repressora de comportamentos ou, para os mais radicais, uma ¿fábrica¿ de execução de pessoas. As palavras do secretário refletem primeiramente a questão cultural e traduzem um ideal do qual jamais a polícia deve se afastar. O que se deve entender é que a polícia, doutrinariamente, é a primeira linha de defesa social, não um simples braço armado do poder. É bem verdade que organizações protetoras de direitos humanos vêm denunciando, com certa constância, alguns episódios que envolvem intervenções policiais que resultam no uso excessivo da força e possível violência policial. Em razão da natureza da missão (diuturna), de polícia ostensiva e de preservação da ordem pública, a Polícia Militar, com atuação permanente em vias públicas e em morros e favelas do Rio, tem sido mais questionada com relação à atuação de seus integrantes. Não é menos verdade, porém, que a ambiência violenta, vivenciada nos grandes centros urbanos, propicia constantes situações de enfrentamento ao banditismo. Ressalte-se que tal cenário, próprio de guerrilha urbana, não constitui justificativa para a reação policial desproporcional ante a agressão iminente e injusta. No entanto, a real constatação é que os tempos da navalha de Madame Satã se foram. Apesar de tudo, no combate à criminalidade, a vitória tem que ser a da inteligência e da técnica policial. A energia deve ter a medida necessária.