Título: Bento XVI fala de `sofrimentos da Humanidade¿ em Via-Crúcis
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Fonte: O Globo, 15/04/2006, O Mundo, p. 21

Evangelho de Judas e `Código Da Vinci¿ são condenados

CIDADE DO VATICANO. Em sua primeira Páscoa como chefe dos 1,1 bilhão de católicos do planeta, o Papa Bento XVI liderou ontem a tradicional procissão da Via-Crúcis na Sexta-Feira Santa ao redor do Coliseu, em Roma, num dia em que ouviu pregações contra ¿um contra-plano para eliminar a família¿, o suposto Evangelho de Judas e as manipulações genéticas.

Bento XVI, de 78 anos, carregou a cruz na procissão durante uma parte do percurso, acompanhado por dezenas de milhares de fiéis com velas nas mãos. Foram feitas 14 paradas, nas quais atores leram reflexões do arcebispo Angelo Comastri em que se pintou um mundo sombrio ameaçado de todos os lados. Uma das reflexões pareceu ser uma referência ao casamento gay e à tendência moderna de dar status legal a casais não-casados. ¿Certamente Deus está profundamente aflito pelo ataque à família. Hoje parecemos testemunhar um tipo de anti-Gênese, um contra-plano, um orgulho diabólico cujo alvo é eliminar a família.¿

Outra reflexão foi uma crítica indireta à manipulação genética e à clonagem, lamentando ¿manobras para reinventar a Humanidade, modificar a própria gramática da vida como foi planejada e desejada por Deus... uma aventura arriscada e perigosa¿.

Papa fala da `arrogância dos ricos que não compartilham¿

No fim da procissão, o Pontífice fez breves comentários:

¿ No espelho da cruz, vimos todos os sofrimentos da Humanidade hoje. Vimos o sofrimento das crianças abandonadas e abusadas, as ameaças à família, as divisões do mundo, a arrogância dos ricos que não compartilham com aqueles que sofrem fome e sede ¿ disse.

Em outro serviço religioso realizado anteriormente, o Papa ouviu um clérigo do Vaticano criticar o livro ¿O Código Da Vinci¿ e o filme que em breve será lançado, tachados de exemplo de como Jesus está sendo vendido por ¿arte pseudo-histórica¿. O clérigo também condenou o suposto Evangelho de Judas, recentemente divulgado, segundo o qual o discípulo de Jesus o teria traído a seu próprio pedido e não por dinheiro.