Título: PIB CHINÊS CRESCEU 10,2% NO TRIMESTRE
Autor: Eliane Oliveira, Patricia Duarte e Gilberto Scofie
Fonte: O Globo, 17/04/2006, ECONOMIA, p. 16

Com medo de um superaquecimento, governo prometera reduzir avanço

PEQUIM. O presidente da China, Hu Jintao, afirmou ontem que a economia do país cresceu 10,2% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2005. A taxa ficou bem acima da esperada pelos analistas, que apostavam em algo próximo da taxa de crescimento do primeiro trimestre do ano passado: 9,6%. O governo de Pequim havia prometido reduzir a taxa de crescimento da economia com medo de sinais de superaquecimento em alguns setores, como os de aço e construção civil. Medidas como o adiamento de projetos de investimento ou redução de crédito foram adotadas com impacto em segmentos restritos da economia, até agora.

Expansão mascara diferença de renda entre campo e cidade

Os números do crescimento exorbitante da China, no entanto, escondem uma realidade bem menos otimista. Segundo reportagem do jornal ¿South China Morning Post¿, de Hong Kong, a diferença de renda entre o campo e as grandes cidades é bem maior do que diz a Agência Nacional de Estatísticas do governo, o equivalente ao IBGE na China. Apesar de o governo afirmar que a proporção da renda da população dos grandes centros em comparação à dos cidadãos da área rural é de três para um, Dang Guoying, pesquisador do Instituto de Desenvolvimento Rural da Academia de Ciências Sociais da China ¿ uma das instituições de pesquisa mais prestigiadas do país ¿ afirmou que esta relação é, na verdade, de cinco para um. ¿Os números atuais devem ser bem diferentes. O cálculo oficial não leva em conta os benefícios da previdência social que os moradores das grandes cidades recebem, mas que os habitantes do campo não possuem¿, disse Guoying ao jornal. Na China, os moradores do campo que se mudam para as cidades em busca de empregos bem remunerados perdem os direitos de uso da rede de escolas ou hospitais públicos que têm em suas cidades natais. A mídia estatal chinesa não repercutiu a reportagem do jornal de Hong Kong. (Gilberto Scofield Jr., correspondente)