Título: Tarso alega que denúncia não é contra PT, mas contra indivíduos
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Fonte: O Globo, 13/04/2006, O País, p. 10

Ministro das Relações Institucionais se irrita ao ser perguntado sobre ação

BRASÍLIA. O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, fez questão de tentar separar ontem o PT de seus ex-dirigentes e parlamentares denunciados ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza. Segundo Tarso, a acusação foi feita contra indivíduos, não contra o PT. O ministro ficou irritado quando jornalistas vincularam os acusados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

- Não houve acusação ao PT, é bom ler a denúncia com muito cuidado. Houve acusação a indivíduos - disse Tarso em visita à oposição no Senado.

O ministro perdeu a paciência com jornalistas que lembravam que alguns dos denunciados eram próximos de Lula:

- É um debate ou você está fazendo uma pergunta? Esse é um juízo seu, você tem que me dar oportunidade de responder.

Para o ministro, as pessoas que estão sendo denunciadas pelo procurador terão oportunidade de se defender na Justiça:

- Será a oportunidade para as pessoas que se dizem injustiçadas provarem na Justiça que estão sendo processadas de maneira inadequada. Todos terão oportunidade de usar de sua mais ampla defesa e, no final, aqueles que têm responsabilidade, serão responsabilizados.

Ministro diz que é preciso diálogo com a oposição

Tarso elogiou o procurador, lembrou que ele foi nomeado por Lula e disse que "não há réstia de arrependimento de tê-lo nomeado".

- O que é fundamental é o funcionamento das instituições republicanas, e isso nós temos de valorizar, machuque quem machucar- disse.

Tarso procurou a oposição para restabelecer o diálogo. O gesto foi elogiado, mas não deve haver trégua.

- Se não houver um mínimo de racionalidade, o vencedor dessa eleição não governa - alertou o ministro nas conversas com os líderes.

- Trégua, se ele pedisse, seria rendição. Se nós aceitássemos, seria uma cooptação. Nada de trégua - reagiu o líder do PSDB, Arthur Virgílio.

Ao deixar a liderança do PSDB no Senado, o ministro rejeitou a hipótese de impeachment de Lula:

- É um direito constitucional da oposição levantar essa questão, mas não tem racionalidade jurídica, nem política, e não tem um mínimo de apoio na população.

INCLUI QUADRO: AS DENÚNCIAS [QUEM É QUEM, CRIMES E CASTIGOS, CONCLUSÕES SEMELHANTES]