Título: 'Estou absolutamente confortável. Tenho a confiança do presidente', diz Bastos
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Fonte: O Globo, 13/04/2006, O País, p. 11

Ministro nega pedido de demissão e reafirma que vai depor sobre caseiro

BRASÍLIA. O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, disse ontem de manhã, durante visita à Comissão de Anistia da Câmara, que se sente confortável no cargo e que conta com a confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Repetiu que vai esclarecer sua participação no episódio da quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa.

- Estou absolutamente confortável. Eu tenho a confiança do presidente, estou fazendo um trabalho sério no Ministério da Justiça. As denúncias, entre aspas, não têm consistência, de modo que estou trabalhando normalmente e vou tocar para a frente - afirmou Bastos, negando de forma veemente que tivesse falado com o presidente sobre a possibilidade de sair do governo - Eu nunca falei que poderia sair do governo porque isso está implícito na minha nomeação. Eu sou demissível ad nuntum (funcionário público não estável, que pode ser demitido). Na hora em que o presidente quiser, eu saio, mas o presidente não quer que eu saia.

Bastos reforçou que conta com a confiança de Lula:

- Estou fazendo um trabalho respeitável no Ministério e na coordenação do governo e vou continuar fazendo isso.

Ao longo do dia, o ministro e operadores do governo tentaram evitar que ele vá duas vezes ao Congresso. É que a Câmara marcou seu depoimento para terça-feira, mas o Senado não gostou. O problema foi causado depois que o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), fechou um acordo, sem respaldo do Planalto, para marcar o depoimento na Câmara.

No Senado, o presidente Renan Calheiros comunicou à Casa sobre depoimento do ministro na Câmara e manifestou sua contrariedade, afirmando que já vinha negociando uma data com os líderes e o próprio ministro para sua ida ao Senado. Ciente de que a trapalhada poderia resultar em dois depoimentos de Bastos, Renan ironizou:

- Ouço falar em fogo amigo, mas eu não conheço muito disso. Não sei se arde, se é fogo.

O líder do PSDB e autor do requerimento de convocação, senador Arthur Virgílio (AM), adiantou que não abrirá mão de ouvir o ministro.

- Não vai colar essa história de ele ir na Câmara.

À noite, Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e Renan escolhiam um dia para a próxima semana, talvez na quarta-feira de manhã, para uma sessão conjunta.