Título: GENOINO É ANISTIADO E TERÁ INDENIZAÇÃO
Autor: Evandro Éboli
Fonte: O Globo, 13/04/2006, O País, p. 14

Comissão de Anistia aprova outros 11 casos de guerrilheiros do Araguaia

BRASÍLIA. Um dia depois de ser denunciado pelo Ministério Público por envolvimento no esquema do mensalão, o ex-presidente do PT e ex-deputado José Genoino teve seu pedido de anistiado político aprovado ontem pela Comissão de Anistia do governo. Ele receberá indenização de R$100 mil. A comissão aprovou outros 11 casos de ex-militantes que atuaram na Guerrilha do Araguaia, como Genoino.

Ele requereu a anistia em 2003, e não compareceu à reunião de ontem. A sessão virou um ato de desagravo ao petista, com discursos em sua defesa. Vários colegas de luta armada, alguns presos com Genoino, também tiveram seus casos aprovados. Ontem, completou 34 anos do início da Guerrilha do Araguaia.

A comissão aprovou também a condição de anistiada política post-mortem de Maria Lúcia Petit, a única guerrilheira do Araguaia morta identificada até hoje. Ela morreu em 1972 e seu corpo foi encontrado e reconhecido em 1991. Os conselheiros aprovaram ainda anistia dos dois irmãos de Maria Lúcia (Jaime e Lúcio), que morreram na luta armada no sul do Pará. A família receberá R$200 mil pela morte dos dois irmãos. Os familiares terão também direito a um valor retroativo maior e ainda não calculado pela morte de Maria Lúcia. A comissão aprovou pagamento de prestação mensal de R$6.850, projeção do salário que Lúcia receberia hoje como professora da Secretaria Municipal de São Paulo, profissão que ela ocupava quando foi para a clandestinidade.

Mãe dos três anistiados disse que se sente mais leve

A mãe dos três, dona Julieta Petit da Silva, assistiu à reunião e foi homenageada. Ela disse que a sessão foi histórica e há anos aguardava o reconhecimento da culpa do Estado:

- Me sinto mais leve. Tudo que eu fazia até agora, pensava nesse assunto. Agora está resolvido.

O conselheiro José Egmar Oliveira foi o relator dos processos dos guerrilheiros do Araguaia. Egmar fez um histórico da vida política de Genoino. Lembrou sua participação no movimento estudantil, no Congresso da UNE em Ibiúna (SP) e a prisão pela Operação Bandeirantes (Oban) no Dops de São Paulo.

- Genoino foi barbaramente torturado. Foram 11 anos de perseguição política contra ele. É um personagem importante da vida política brasileira - disse o relator.

A conselheira Beatriz do Valle Bargieri, que votou a favor da anistia de Genoino, condenou o comportamento do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), que, durante o depoimento do petista na CPI dos Correios, levou o militar que o prendeu e o torturou na comissão:

- Por que ninguém pediu a cassação do Bolsonaro? Cadê Conselho de Ética para ele?

Os ex-guerrilheiros Luzia Ribeiro e Danilo Carneiro também tiveram os casos aprovados.