Título: POLÍCIA VAI INDICIAR 800 SEM-TERRA
Autor: Chico Oliveira:Francisco Oliveira
Fonte: O Globo, 13/04/2006, O País, p. 14

Invasores de fazenda no Sul vão responder por formação de quadrilha

PORTO ALEGRE. A polícia gaúcha vai indiciar 800 dos 1.900 integrantes do MST que, em 28 de fevereiro, invadiram a Fazenda Guerra, em Coqueiros do Sul, a 320 quilômetros de Porto Alegre. Eles serão acusados de formação de quadrilha, furto, roubo, cárcere privado, dano ao patrimônio público e privado e dano ambiental. Dos indiciados, quatro são foragidos da Justiça e 22 têm antecedentes criminais, dos quais 10 estão em liberdade provisória.

- O inquérito será enviado à justiça em 30 dias, mas já temos a definição do indiciamento dessas pessoas. Todas foram identificadas pela Brigada Militar ao deixarem a fazenda - informou o delegado Danilo Flores, da delegacia de polícia de Carazinho.

A presença de foragidos entre os invasores, segundo ele, deve-se à forma como o MST vem recrutando pessoas:

- Eles procuram pessoas na periferia das cidades e acabaram levando foragidos.

No fim do inquérito o delegado também deverá informar a Polícia Federal da presença de um estrangeiro entre os invasores, Hugo Castelhano, acusado de ameaçar de morte um proprietário rural vizinho da fazenda que se negou a vender parte da terra para os invasores se instalarem ao lado da Fazenda Guerra.

- Pessoas que tiveram contato com ele informam que tem um sotaque uruguaio ou de outro país - disse o delegado. Ele revelou que não vai investigar o fato porque investigações de estrangeiros cabem à PF.

O delegado confirmou que os invasores foram precedidos por um grupo tático do MST, armado e mascarado, que dominou os funcionários da fazenda.

Deputado nega que grupo do MST ande armado

O deputado estadual Frei Sérgio Görgen, que se apresentava como sendo da coordenação estadual da Via Campesina, mas que agora diz não ter relação com qualquer movimento, confirmou ontem que o MST tem um grupo que faz inicialmente o levantamento do terreno, mas que não anda armado, nem mascarado. Ele desmentiu a presença de um estrangeiro no comando do grupo que permanece ao lado da fazenda, ocupando uma área adquirida recentemente e outra emprestada por um proprietário da região.

Mas a Brigada Militar e a polícia civil não têm dúvida de que o estrangeiro tem posição de liderança no MST e que fez ameaças de morte a um produtor rural.