Título: A força de Lula
Autor: Ilmar Franco
Fonte: O Globo, 16/04/2006, O PAÍS, p. 2

epois de 11 meses de crise política, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda lidera as pesquisas de intenções de voto. Com tantas denúncias de corrupção e tantas baixas no governo e no PT, a reação da oposição tem sido intensificar os ataques ao presidente, lamentar a desinformação de parcela da população e, às vezes, colocar em dúvida o trabalho dos institutos de pesquisa.

O instituto Ipsos tem feito para o PSB pesquisas quantitativas e qualitativas periódicas sobre o governo. Os resultados destas pesquisas mostram que, além do carisma do presidente da República, seu favoritismo eleitoral está relacionado às ações de governo. Os eleitores pesquisados não reconhecem apenas a estabilidade na economia, a geração de empregos e o aumento acima da inflação do valor do salário-mínimo, mas aprovam vários programas setoriais. A primeira constatação dessas pesquisas é a de que os principais programas do governo Lula são amplamente conhecidos, acima dos 70% dos entrevistados. Os programas têm avaliação positiva entre os que os conhecem: Luz Para Todos 63%, Bolsa Família 61%, Brasil Alfabetizado 59%, Samu 58%, Operação Tapa Buraco 55%, Farmácia Popular 55% e Fome Zero 51%. Nos últimos meses, a avaliação da competência administrativa do governo subiu nove pontos percentuais. ¿ O desempenho eleitoral do presidente está relacionado à ação de governo. Após um bombardeio de 10 meses, estamos nos segurando na ação do governo. O presidente será reeleito, ou não, com base na gestão ¿ diz o secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci. O ministro diz que a oposição está brigando com a realidade quando diz que o governo é incompetente. Argumenta que a oposição tende a negar o que foi feito, quando prega um choque de gestão. E adverte que esse discurso se choca com a opinião de segmentos da população que reconhecem como reais ações e programas do governo. As pesquisas qualitativas revelam que uma parcela de eleitores de oposição reconhece méritos no governo. Os auxiliares do presidente dizem abertamente que os casos de corrupção no governo federal e o escândalo do mensalão provocaram danos na imagem do presidente. Mas que graças a sua posição, de cortar na carne e afastar os envolvidos, Lula conseguiu se descolar da crise. É para desfazer esta percepção, de que o presidente não está envolvido, que a oposição brada, no Congresso e na mídia, que o presidente sabia de tudo e que foi ele quem ordenou todas as irregularidades. Vencerá esse embate quem inspirar mais confiança ao povo.