Título: EMPREGADOS ACEITAM CORTE SALARIAL
Autor: Sergio Fadul
Fonte: O Globo, 14/04/2006, Economia, p. 21

Funcionários propõem que empresa entregue as rotas domésticas

RIO e BRASÍLIA. Sindicatos e associações que representam os funcionários da Varig assinaram ontem no Rio um protocolo em que aceitam a redução de 30% dos salários dos empregados e a eliminação de 2.900 vagas, inicialmente por meio dos planos de demissão voluntária e incentivo à aposentadoria. Os trabalhadores também pediram a intervenção do governo federal para garantir que a empresa continue voando pelo menos para fora do país. Pela proposta, a Varig entregaria as rotas domésticas, que seriam redistribuídas entre TAM, Gol, BRA e Ocean Air num prazo máximo de dois meses.

Para viabilizar a continuidade dos vôos internacionais, o governo nomearia um administrador especial, responsável por sanear a empresa e depois vendê-la a um empresário brasileiro, entre seis meses e um ano. Eventuais aportes de recursos públicos poderiam ser recuperados durante a venda da companhia. A proposta ¿ que foi costurada pelos funcionários da Varig numa reunião no Ministério do Trabalho, em Brasília ¿ está nas mãos do ministro da Defesa, Waldir Pires, e foi discutida ontem numa reunião entre a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi.

Para alimentar as rotas internacionais, a Varig recorreria a acordos de code-share (compartilhamento de vôos) com as concorrentes nacionais.

Com os cortes, a empresa passaria dos atuais 9.800 empregados para 6.900. O objetivo é enxugar a folha de pagamento mensal da companhia, que hoje é de US$32 milhões, para US$15 milhões. As demissões visam a adaptar o quadro de pessoal à atual frota, de 54 aviões em operação. Segundo a presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma Balbino, a Varig se comprometeu a reabrir imediatamente os planos de demissão voluntária.

¿ O administrador judicial do plano de recuperação da Varig (Alberto Fiori, da consultoria Deloitte) nos disse que é necessário um esforço dos credores ou ele seria obrigado a pedir a falência da Varig já na segunda-feira ¿ disse Selma.

Para solucionar a dívida de R$8,253 bilhões, os trabalhadores propuseram a criação de fundos de créditos. Ou seja, o investidor entraria com o dinheiro e teria a indenização pelo congelamento tarifário (R$2,2 bilhões) como garantia, caso a empresa ganhe definitivamente a causa na Justiça ¿ o que é dado como certo até mesmo pelo governo, réu na causa.