Título: PREÇO DO PETRÓLEO BATE RECORDE EM LONDRES E BARRIL FECHA A US$70,57
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Fonte: O Globo, 14/04/2006, Economia, p. 22

Tensão no Irã ofusca notícia sobre aumento de estoques do produto nos EUA

LONDRES. O embate entre as principais potências do mundo e o Irã por seu programa nuclear continuou contaminando ontem o humor dos mercados petrolíferos. Nem mesmo o aumento dos estoques americanos da commodity, anunciado na quarta-feira, conseguiu aliviar as pressões sobre os preços do barril, que voltaram a atingir níveis sem precedentes.

Na Bolsa Internacional de Petróleo, em Londres, o barril do tipo Brent (referência) quebrou seu recorde histórico ao ser negociado a US$70,68. No encerramento, sua cotação recuou um pouco para US$70,57, uma alta de 1,02% em relação à véspera, um fechamento histórico.

O mesmo percentual de aumento teve o barril do tipo leve americano (WTI), negociado na Bolsa Mercantil de Nova York, fechando a US$69,32. A cotação do WTI está US$1,53 abaixo de sua máxima histórica, alcançada em agosto do ano passado, após os estragos provocados pela passagem do furacão Katrina nas refinarias e plataformas da região do Golfo do México.

Mercado teme que sanções da ONU afetem produção

A atenção dos mercados continua focada no Irã, que anunciou na quarta-feira que não vai abandonar seu programa nuclear, depois de ter informado, no início da semana, que suas usinas conseguiram enriquecer urânio para produzir energia nuclear.

¿ Nossa resposta àqueles que estão incomodados porque o Irã conseguiu obter o ciclo nuclear completo é expressa em uma frase: Incomodem-se e morram de incômodo ¿ declarou o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, na quarta-feira à noite.

Diplomatas das Nações Unidas disseram na quarta-feira que o Conselho de Segurança da ONU vai adotar ações contra o Irã antes do fim de abril, quando receberá o relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA, na sigla em inglês). Os mercados temem que essas ações afetem o fluxo de exportação do quarto maior produtor mundial de petróleo.

Além disso, a luta de grupos rebeldes separatistas da Nigéria também está colocando em risco a produção de petróleo da região.

Os níveis de produção e demanda de petróleo encontram-se com muito pouca folga. O consumo tem crescido ¿ sobretudo nos EUA e na China ¿ e tende a subir mais durante as férias de verão no Hemisfério Norte. Assim, qualquer sinal de que haverá escassez leva os mercados a pressionarem os preços, muitas vezes em movimentos especulativos.

Reservas dos EUA cresceram para 346 milhões de barris

Diante de tanta volatilidade, os mercados ignoraram as boas notícias da semana: relatório americano mostrou que as reservas do país subiram em 3,2 milhões de barris de petróleo na semana passada, situando-se em um total de 346 milhões de barris, mais do que o dobro do projetado por analistas.