Título: EMPRESAS DO PAÍS SE SENTEM PROTEGIDAS CONTRA CRIMES DIGITAIS, SEGUNDO PESQUISA
Autor: Aguinaldo Novo
Fonte: O Globo, 14/04/2006, Economia, p. 25

Executivos do Brasil acreditam ter mais segurança do que os do exterior, diz IBM

SÃO PAULO. Para 72% dos executivos de Tecnologia da Informação (TI) no Brasil, as empresas nacionais dispõem hoje de proteção adequada contra os chamados crimes digitais. A confiança dos brasileiros é superior à dos profissionais no exterior. Considerando um universo de 17 países, incluindo o Brasil, o percentual dos que se julgam a salvo dos criminosos cai para 59%.

Este é um dos resultados de pesquisa elaborada pela IBM sobre crimes digitais e seus impactos para as empresas. Concluído em janeiro passado, o estudo ouviu três mil executivos da área de TI (150 dos quais no Brasil) em empresas dos setores de saúde, finanças, varejo e produção. Além do Brasil, a lista de países incluiu Alemanha, Argentina, Austrália, Canadá, China, Espanha, EUA, França, Índia, Itália, Japão, México, Polônia, Reino Unido, República Checa e Rússia.

Outra constatação da sondagem é que a figura do hacker, cujo maior desafio e prêmio era burlar os sistemas de vigilância eletrônica das empresas, foi substituída por grupos de crime organizado que adotam sofisticação técnica. Essa foi a resposta de 91% dos entrevistados no Brasil e de 84% no cômputo global.

¿ No lugar dos ¿românticos¿ e ¿curiosos¿ de antes, temos hoje um verdadeiro cyber crime organizado ¿ afirmou o líder de Consultoria de TI da IBM no Brasil, Fábio de Franco.

Pior é a avaliação de que, em muitos casos, essas quadrilhas contam com a cumplicidade de funcionários das próprias empresas. Para 66% dos executivos dos 17 países pesquisados (86% no Brasil), uma ameaça emergente à segurança corporativa vem de dentro da própria organização. Um funcionário descontente ou irritado com a demora na sua promoção pode ser um problema para a empresa, ao tentar provocar panes em sistemas de computadores.

Executivos brasileiros criticam legisladores

Mais nociva, porém, é a tentativa feita pelos criminosos de inserir alguém nas empresas para roubar dados.

¿ Essas quadrilhas podem se aproveitar, por exemplo, da abertura de processos para a seleção de novos funcionários. Outra forma de se aproximar das empresas é freqüentando congressos ¿ disse Franco.

Não existem cifras exatas sobre o prejuízo de empresas, bancos e governos com os crimes digitais. De acordo com estimativa feita em 2004 pelo FBI, as quadrilhas desviariam até US$400 bilhões por ano. No Brasil, a despeito da sensação de segurança das empresas, a legislação para punir esse tipo de crime ainda não foi estruturada. Isso se reflete nas respostas à pergunta se os legisladores estão fazendo o suficiente para combater o crime digital. Enquanto o resultado na média dos 17 países consultados foi de 31%, no Brasil esse percentual não passou de 10%.

Ainda pela pesquisa, 38% dos executivos consideram o crime digital ameaça pior do que os crimes físicos (23%). Em relação ao impacto financeiro, 71% dos executivos do Brasil acreditam que o crime digital traz mais prejuízos às organizações.