Título: Como foi a ação contra Collor
Autor: Demétrio Weber
Fonte: O Globo, 18/04/2006, O País, p. 3

O processo contra o ex-presidente Fernando Collor de Melo durou dois anos e um mês. Ele foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal pelo então procurador-geral da República, Aristides Junqueira, em 12 de novembro de 1992. Em 12 de dezembro de 1994, Collor foi absolvido da denúncia de corrupção passiva e formação de quadrilha.O número de réus era bem menor que o do escândalo do mensalão. No mesmo processo contra Collor, Junqueira denunciou o ex-tesoureiro de Collor Paulo César Farias, o PC, e mais sete pessoas, entre elas o secretário particular do ex-presidente, Cláudio Vieira, as secretárias Rosinete Melanias e Marta Vasconcelos, o piloto Jorge Bandeira de Melo e o motorista Roberto Carlos Maciel.Pedro Collor de Mello, o irmão do ex-presidente que deu em 1992 a entrevista à ¿Veja¿ que detonou o escândalo de corrupção PC-Collor, foi arrolado como informante no processo do STF. A secretária particular de Collor, Ana Acioli, que teve suas contas bancárias utilizadas para o pagamento das despesas pessoais do presidente, foi arrolada como testemunha da acusação.Apesar de condenado pelo Congresso ¿ Collor foi derrotado no processo de impeachment em dezembro de 1992 ¿ o ex-presidente foi absolvido pelo STF por falta de provas. Por cinco votos a três, os ministros consideraram improcedente a denúncia do procurador-geral. Segundo os ministros que votaram pela absolvição, Junqueira não conseguiu demonstrar que Collor cometeu algum ato, por ação ou omissão, em contrapartida por alguma vantagem recebida indevidamente.Uma das provas que faltaram ao processo foi a origem dos US$6,5 milhões repassados por PC Farias a Collor para pagamentos de despesas pessoais. Não havia no processo qualquer ato administrativo do ex-presidente em favor das empresas que abasteceram as contas de PC. A Procuradoria também não provou que os serviços que PC disse ter prestado às empresas nunca existiram. O computador de PC era o único indício de que havia um esquema de corrupção, mas ele foi apreendido ilegalmente e não pôde ser usado como prova.